Concreto de Cannabis: das pontes romanas a um possível material do futuro

Compartilho hoje uma interessante matéria do rquiteto Urbanista formado pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Mestre no Programa de Urbanismo, História e Arquitetura da Cidade, também na UFSC, com pesquisa relacionada ao tema da mobilidade e dispersão urbana. Interessado em projetos de requalificação urbana, transportes não-motorizados e espaços públicos, entre muitos outros assuntos.

canhamo

Muito preconceito e contradições envolvem a história da Cannabis sativa pelo mundo. Estima-se que o cânhamo tenha sido uma das primeiras plantas a serem cultivadas pela humanidade. Arqueólogos encontraram remanescentes de tecidos de cânhamo na antiga Mesopotâmia (atualmente Irã e Iraque), que remontam ao ano 8.000 aC [1]. Há registros na China, entre 6 e 4 mil a.C., quanto ao consumo das sementes e óleos. Com a chegada à Europa, seu principal uso era para a fabricação de cordas para navio e tecidos. Inclusive as velas e cordas dos navios de Cristóvão Colombo eram desse material, os primeiros livros após a revolução de Gutemberg [2] e muitas das pinturas de Rembrandt e Van Gogh foram feitas de cânhamo.

Para a construção civil, seu uso também não é novo. Uma argamassa feita de cânhamo foi descoberta em pilares de pontes construídas pelos merovíngios no século VI, onde hoje é a França. Sabe-se que os romanos adicionavam as fibras do cânhamo para reforçar as argamassas de suas construções. Hoje em dia, ainda que existam entraves legais em muitos países, a utilização do cânhamo como um material da construção civil tem tido resultados animadores, com pesquisas evidenciando suas boas características termoacústicas e sustentáveis. O cânhamo pode ser moldado como painéis fibrosos, revestimentos, chapas e até como tijolos.

É importante iniciar pontuando que cânhamo e maconha pertencem à mesma espécie (Cannabis sativa), embora sejam variedades originais de diferentes cruzamentos e seleções. A maconha possui porcentagens mais altas, de até 20%, de THC (tetra-hidrocanabinol), que é a principal substância psicoativa, localizada sobretudo na flor da planta. O cânhamo industrial, por sua vez, é cultivado por suas sementes, fibras e caule, e contém cerca de 0,3% de THC, que não é suficiente para surtir algum efeito em uma pessoa.

O cânhamo demanda pouca água para crescer e, portanto, não requer irrigação artificial, e cresce aproximadamente 50 vezes mais rápido que uma árvore. Após colhidas e cortadas, as plantas são secas por alguns dias antes de serem agrupadas e despejadas em recipientes com água, o que incha os caules. Quando secas, as fibras podem servir, entre outros usos, para a produção de papel, tecidos, cordas, embalagens biodegradáveis, biocombustível e materiais de construção. Nesse último caso, o material pode ser utilizado como um isolante termoacústico, tal qual uma lã de vidro ou rocha, ou como o concreto de cânhamo, muito chamado de hempcrete ou hemp concrete. Usando betoneiras, mistura-se o cânhamo, calcário em pó e água, para obter uma pasta espessa. Através de reações químicas entre os componentes, a mistura se petrifica e transforma-se em um bloco leve, porém bastante resistente. Para a confecção de paredes, a mistura pode ser disposta como blocos, pulverizada ou despejada em formas lineares, no mesmo método das paredes de taipa.

A inovação envolvendo o concreto de cânhamo como material de construção é sua função como um material de desempenho múltiplo, substituindo inteiramente os agregados minerais, usados em concretos convencionais, enquanto em aplicações históricas as fibras naturais eram adicionadas principalmente em quantidades escassas a concretos e argamassas, por exemplo. para evitar retrações em gesso ou tijolo de barro. [3] Quando curado, retém uma grande quantidade de ar, com uma densidade que equivale a 15% do concreto tradicional, sendo portanto um ótimo isolante térmico e acústico. Uma característica interessante é que se trata de um material ao mesmo tempo isolante térmico e com boa inércia térmica [4]. Ou seja, ainda que leve e poroso, o Hempcrete pode armazenar rapidamente energia, mas liberá-la paulatinamente, sendo uma opção interessante para climas com alta variação de temperatura entre dia e noite. Também apresenta boa resistência ao fogo, é atóxico e possui resistência natural ao mofo e insetos. Há pesquisas, inclusive, que apontam o hempcrete como um material carbono-negativo, que além de compensar o que é emitido na sua produção, chega a estocar carbono.

Para atingir suas propriedades termoacústicas, o material necessita “respirar”, isto é, ter interação entre ambiente interno e externo – isso permite que o cânhamo absorva e disperse o vapor de água (umidade), e amorteça as flutuações de temperatura. Assim, as paredes de hempcrete podem até receber revestimentos, contanto que eles permitam essas trocas.

O desempenho mecânico do concreto de cânhamo é, entretanto, bastante inferior ao concreto tradicional ou ao aço. Tem resistência a compressão de 2 MPa, quando não excede uma densidade de 1000 kg / m2, o que é comparável a tijolos de adobe, por exemplo. [3] Funciona melhor como uma vedação do que como paredes auto-portantes. Outras desvantagens em relação a alvenarias comuns é o tempo de cura, o que pode ser amenizado com o uso de tijolos. Além disso, continua sendo um produto mais caro e há pouca disponibilidade de informações e mão-de-obra para trabalhar com esta nova tecnologia.

Ainda que isso esteja mudando aos poucos, grande parte da carência de estudos técnicos sobre esse material ocorre por conta de legislações. A história mostra que, mais do que por evidências científicas, a guerra contra a cannabis foi motivada por fatores raciais, econômicos, políticos e morais. E a mesma proibição à droga muitas vezes vale às plantas que não serviriam para o uso recreativo. Aos poucos, o mundo vem reconsiderando algumas proibições e há países com legislações que permitem o cultivo de plantas de cannabis para uso medicinal e até mesmo recreativo. Atualmente o principal produtor mundial de cânhamo é a China, que cultiva mais de 70% do total mundial, mas há outros países com produções relevantes.

Pesquisas, teste e experimentações são imprescindíveis para tornar esse material tão promissor mais popular e barato para um uso massivo na construção civil. E, talvez, fazer com que uma das plantas cultivada há mais tempo pela humanidade possa se tornar um material de construção sustentável e eficiente do futuro.

Notas

[1] The People’s History. The Thistle. Volume 13, Number 2: Sept./Oct., 2000.
[2] Hemp users’ stories and its use as a medical remedy. MMedics
[3] Monika Brümmer, Mª Paz Sáez-Pérez, and Jorge Durán Suárez. Hemp Concrete: A High Performance Material for Green-Building and Retrofitting.
[4] Komsi, Jere. Thermal Properties of Hempcrete, a Case Study. Helsinki Metropolia University of Applied Sciences

Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/944292/concreto-de-cannabis-das-pontes-romanas-a-um-possivel-material-do-futuro?utm_medium=email&utm_source=ArchDaily%20Brasil&kth=830,995

UFPB cria inseticida de sisal que mata mosquito da Dengue

sisal

No meio de toda essa “panloucura” de cunho muito mais político do que de saúde pública, eis que vem uma excelente notícia da qual compartilho. O legal é que vem da Universidade onde concluí a minha graduação (UFPB) e trabalha com uma rústica planta do deserto, sisal -Agave sisalana – (prima do henequen mexicano Agave fourcroydes Lem.- matéria prima da tequila) cujo aproveitamento maior é a produção de carpetes, Baler Twine (cordas naturais para amarrar fenos) e cordas para amarrar navios.

Além do coronavírus, o Brasil também tem se preocupar com a Dengue e uma pesquisa feita na UFPB, Universidade Federal da Paraíba desenvolveu um inseticida à base de sisal, que mata rapidamente o mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, zika e a chikungunya.

E o melhor: o inseticida é barato, tem ação rápida e não é tóxico para outros animais.

A informação foi divulgada pela UFPB, que conduziu as pesquisas em parceria com a Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária.

Como

O inseticida é produzido a partir do extrato de agave (sisal), planta cultivada em regiões semiáridas.

A planta é utilizada em sua versão híbrida, uma variante melhorada geneticamente em laboratório, para obter uma planta mais resistente a pragas.

A universidade afirmou que a eficácia do inseticida já é comprovada para eliminar o mosquito Aedes aegypti em qualquer uma de suas fases de vida (ovo, larva, pupa ou adulto).

Produção

O próximo passo é conseguir empresas que possam produzir esse inseticida em escala comercial.

“Nem a UFPB e nem a Embrapa têm condições de produzir, de tornar o inseticida comercializável. Então, para isso, precisamos de um agente externo, que seria uma indústria”, explica a pesquisadora Fabíola Cruz, coordenada da pesquisa e professora do Departamento de Biologia Celular e Molecular da UFPB.

Segundo ela, a Agência de Inovação Tecnológica (Inova) está fazendo essa articulação com o setor privado.

Se tudo der certo, também haverá geração de renda para os produtores de sisal na Paraíba.

“Hoje, os produtores que vivem da cultura do sisal têm a sua renda muito diminuída porque a planta vem perdendo importância. Já teve muita relevância no passado, porque a fibra do sinal era muito utilizada na indústria, e hoje está sendo substituída por fibra sintética. Quando a gente faz uma descoberta como essa, isso volta a tornar o sisal importante”, concluiu a professora.

Com informações da CNN e UFPB

Fonte: https://www.sonoticiaboa.com.br/2020/07/09/ufpb-cria-inseticida-sisal-mata-mosquito-dengue/

Marés (e como elas são regidas)

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Particularmente aprendi a ouvir e respeitar o contraditório. Existe uma metodologia oriental de que, pelo menos um dos presentes em uma reunião, por mais óbvio que seja a proposta, deve votar contrariamente para que se desperte nos demais a olhar “o que ainda não esteja visível”.

Particularmente também acho que só fazemos ciência se existir o contraponto ou a observância ao contraditório.

Recentemente compartilhei no whatsapp um didático vídeo sob o efeito lunar, rotação e o efeito nas marés mas, apareceu um amigo que resolveu questionar o vídeo, mesmo que muitos tenham se manifestado favoravelmente e eu, assim, prometi que replicaria no blog o seu contraditório.

Vamos à matéria, com orgulho, por Carlos Alberto de Oliveira Torres ou, para os íntimos, Beto (*).

Na Natureza existem apenas 4 forças – as nucleares (fraca e forte), que têm importância no mundo subatômico; a eletromagnética, que domina nossas experiências do dia a dia; e, a mais fraca delas, a gravitacional, que como só tem efeito atrativo aumenta sua intensidade a medida que o objeto de estudo tem mais massa.

Ela é descrita classicamente pela lei de Newton: F=GMm /d.d (ou nos dizeres clássicos, “tudo se passa no Universo como se a matéria atraísse a matéria na razão direta das massas e na razão inversa do quadrado da distância”).  E, para se determinar a órbita de um objeto em torno de outro, em primeira aproximação, se supõe que toda a massa está concentrada no centro do objeto.

É uma boa aproximação para objetos esféricos e radialmente homogêneos. Mas não descreve o que se passa em detalhe a medida que o objeto aumenta de tamanho. Nesse caso a distância entre as partes do objeto de estudo e o que exerce a força gravitacional varia de forma significativa.

Tem-se aí um efeito diferencial com a distância, o que em Cálculo significa uma derivada. A derivada de é A este efeito diferencial da gravidade se chama genericamente de maré e, como se vê, a maré depende fortemente da distância (ao cubo da distância).

Na Terra atuam principalmente dois corpos celestes, a Lua e o Sol. Embora a gravidade do Sol seja bem maior que a da Lua, devido a essa dependência forte com a distância, a maré lunar é bem mais forte que a maré solar. Além disso, como é um efeito diferencial, existe maré dos dois lados da Terra. Ou seja, o lado que dá face ao Sol ou a Lua, estando mais próximo do corpo celeste que as partes internas da Terra, é mais atraído para ele, mas a face contrária é menos atraída que as partes internas dando um efeito parecido. É como se a Terra fosse puxada pelos dois lados. Tem-se então duas marés por dia. A força da maré será tanto maior quanto a Lua e o Sol estiverem mais alinhados, o que ocorre na Lua Cheia e na Lua Nova pois as atrações se somam. Já nos quartos, os efeitos são quase perpendiculares e a maré será necessariamente menor.

Em nenhum momento está dito qualquer coisa em relação a água. De fato o que interessa é  o volume, fazendo que a massa que vai sofrer o efeito gravitacional seja grande o suficiente na direção da atração para haver um efeito diferencial importante. Então porque a maré oceânica? Simplesmente por que a água responde plasticamente mais fácil que o continente. Mas há maré continental também e não se percebe por duas razões: a primeira por que se está no continente acompanhando o movimento, mas sobretudo por que ele é bem pequeno, da ordem de centímetros.

Claro que se nota muito mais o efeito no oceano. Esse efeito não será importante se a massa de água for “pequena”. Não há marés que se note no reservatório da Hidroelétrica de Sobradinho, por exemplo (muito embora a CHESF – Companhia Hidroelétrica do São Francisco – monitore, devido ao tamanho do reservatório – um dos maiores do mundo). Não existe portanto qualquer razão para outros efeitos da Lua em volumes pequenos, como numa plantação, nos cabelos ou nas barrigas de gestantes (contudo, é bom que outras ciências estudem e desejem aqui manifestar seus argumentos).

Finalmente, não existe uma força chamada centrífuga. Ela é considerada como uma força fictícia que aparece em referenciais não inerciais. O que existe são forças centrípetas que obrigam o objeto a fazer uma curva, em lugar de ir em linha reta. Assim a força da gravidade atua de forma centrípeta na rotação da Terra. Ou seja, existem dois efeitos gravitacionais – a atração para o centro da Terra e a rotação da Terra. E o efeito eletromagnético de resistir à gravidade, os átomos não permitindo uma aproximação maior. Chama-se então de força normal.  A altura da maré vai depender da força diferencial do Sol e da Lua e da componente usada na rotação (e da viscosidade do meio, oceano ou continente). Naturalmente outros efeitos podem a ajudar ou prejudicar a maré, como os ventos. Mas isso seria um outro tema!

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(*) Carlos Alberto de Oliveira Torres é Doutor em Astrofísica pelo Observatório Nacional. Hoje aposentado pelo Laboratório Nacional de Astrofísica (MCTIC), em 2017, como Pesquisador Titular.

Fonte da imagem: http://200.144.244.96/cda/aprendendo-basico/forcas-de-mares/forcas-de-mares.htm

O BIZARRO CANIBALISMO JAPONÊS CONTRA AMERICANOS NA II GUERRA = Japan Hears of World War II Cannibalism A Half-Century Later

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canibalismo

Dentro da série “o quanto não sabemos de fatos históricos acontecidos”, Wallacy Ferrari publica uma matéria em 09/06/2020 sobre um caso de canabalismo durante a II Guerra Mundial.

O caso surpreendeu o tribunal internacional de crimes de guerra — que nem tinha uma sentença para esse tipo de crime.

O ambiente de guerra não costuma ser o mais propício para a aplicação de valores morais e éticos; situações de sofrimento e desgaste propiciam poucos momentos de paz aos combatentes e suportes, resultando em atos extremos pelas próprias vidas. Em 2 de setembro de 1944, próximo do fim da Segunda Guerra Mundial, uma ação japonesa chocou as forças americanas pela frieza.

Durante uma batalha em Chichi Jima, uma pequena ilha há mil quilômetros ao sul de Tóquio, os soldados japoneses conseguiram abater nove aviões aliados, pilotados por americanos, que realizavam bombardeios na região. Entre pousos e ejeções, os nove pilotos caíram em território japonês sem ferramentas de comunicação.

Como de costume, os soldados japoneses comemoraram a captura de oito dos aviadores que, além de ceder todas suas ferramentas de sobrevivência, foram presos, espancados com glória e até torturados antes de suas execuções. A surpresa maior, no entanto, ocorreu dois anos depois, já com o fim da guerra.

O horror se revela

Em um julgamento sobre a execução dos aviadores da Marinha do Estados Unidos realizado em agosto de 1946, doze militares japoneses, incluindo o general Yoshio Tachibana, foram réus em um processo de crimes de guerra. Quando perguntados sobre o paradeiro dos corpos dos oficiais americanos, os onze subordinados de Yoshio relataram ‘a ordem do chefe”: um prato feito das coxas e fígado de americanos com molho de soja e legumes.

Sem nenhuma situação de fome ou necessidade extrema, o general orientou os combatentes após as execuções para se alimentarem de partes dos corpos. De acordo com a investigação americana, quatro dos oito capturados foram comidos pelos oficiais do Eixo com uma espécie de ritual para unir as tropas.

Considerado crime de guerra, o tribunal militar e internacional não poderia realizar nenhuma ação especifica contra o ato de canibalismo, mas condenou os envolvidos por assassinato e considerou a ação como uma “prevenção de enterros honrosos”. Em 1947, o caso encerrou com quatro oficiais, incluindo Yoshio, condenados a forca, mas com os outros envolvidos presos.

Um sobrevivente histórico

O mais jovem entre os 9 pilotos de aviões abatidos foi um rapaz de 20 anos que já havia sido notado pelos serviços em Pearl Harbor. Habilidoso e ágil, foi rápido durante a queda e conseguiu escapar das mãos dos soldados japoneses, fugindo pela água. O garoto em questão era George H. W. Bush, futuro presidente dos Estados Unidos.

Em entrevista à CNN, Bush explicou que errou ao ejetar muito antes da hora, diferente de todos os outros tripulantes de aeronaves da Marinha americana: “Eu puxei o cordão muito cedo. E o que aconteceu foi que bati minha cabeça na cauda do estabilizador horizontal do avião”. O erro, no entanto, fez seu pouso ser diferente de todos os outros, sendo imprevisto pelos japoneses.

O americano chegou a relatar que foi avistado por um barco do Eixo, mas ignorado após as constantes explosões causadas pelos bombardeios e ataques contra as aeronaves. Após horas nadando, um submarino americano resgatou Bush. Anos depois, já como presidente, Bush retornou a Chichi Jima e afirmou que, apesar de se sentir culpado pela morte de dois companheiros, “não é assombrado” por nenhuma memória.

Fonte: https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/incidente-em-chichijima-o-bizarro-canibalismo-japones-contra-americanos-na-segunda-guerra.phtml

A super mandioca var. UnB 301 – Novas variedades e nova técnica revolucionam a produção da mandioca!

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Particularmente tenho um vínculo muito grande com a cultura da mandioca!

Sou filho do maior técnico especializado em mandioca que esse pais já teve no Governo Federal, referente a questão econômica de determinação de preços mínimos, custo de produção e pautas de mercado – Dr. Milton Gomes da Silva – servidor federal desde a época da antiga CFP (Comissão de Financiamento da Produção) e CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento – https://www.conab.gov.br/).

Trabalhei em industrias de beneficiamento de mandioca, tanto para a produção de fécula voltada para o setor de alimento quanto para a produção de amido para fins industriais (químico, papel e celulose e tecido).

Fiz o meu mestrado e doutorado utilizando o resíduo líquido agroindustrial dessa cultura e hoje compartilho o fruto do experimento do Prof. Nagib Nassar, da UnB.

A variedade UnB 301, além de elevada produtividade (20 kg por planta), tem um teor médio de proteína de 4,0% comparado aos teores de 1.5% em variedades comuns de mandioca. Essa variedade foi desenvolvida a partir de hibridação interespecífica entre mandioca oligantha com mandioca comun.

Na foto abaixo, o Prof. Nassar, com o seu aluno (hoje produtor), Leonardo Valentini Gorgen, apresentando a variedade, com apenas 15 meses de cultivo.

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A variedade quimera periclinal é a mais nova variedade produzida sob a responsabilidade do Prof. Nagib Nassar, professor emérito da Unb e do CNPq. Onde, acredita-se que tanto a nova técnica de quimera desenvolvida pelo professor seja uma revolução na produção dessa cultura.

Para mais informações, favor  contatar o Prof. Nagib através do email: nagibnassar@geneconserve.pro.br

A Fundação Nagib Nassar adotou introdução das variedades na região amazônica e Pernambuco e lançou, para isso, dois editais: http://www.cnpq.br/web/guest/noticiasviews/-/journal_content/56_INSTANCE_a6MO/10157/9439256

NASA descobre possível universo paralelo onde o tempo passa ao contrario = Has NASA Found A Parallel Universe ‘Where Time Flows Backwards?’ The Truth Behind The Headlines

Universo paralelo? O que está por trás da descoberta sobre neutrinos

To read in English, please type: https://www.forbes.com/sites/jamiecartereurope/2020/05/21/has-nasa-found-a-parallel-universe-where-time-flows-backwards-the-truth-behind-the-headlines/#3d9cf0e1646d

Na tarde de quarta-feira, 20, uma notícia sobre um possível universo paralelo ganhou espaço em jornais e nas redes sociais ao redor do mundo. Um grupo de cientistas, financiado pela Nasa, mas sem relação direta com a agência americana, encontrou uma anomalia em neutrinos tau, partículas de alta energia, mais pesadas, saindo da Terra.

Uma das hipóteses levantadas pelos cientistas é que as partículas estavam se comportando como se estivessem em uma linha do tempo inversa. Para Peter Gorham, físico experimental de partículas da Universidade do Havaí, que participou da pesquisa, isso poderia ser um indício de um universo paralelo que funciona num tempo contrário do nosso. Depois da publicação, não demorou para que outros cientistas rebatessem a teoria.

O suposto “universo paralelo” está localizado na Antártica e foi encontrado com ajuda da Antena Impulsiva Transiente da Antártica (Anita). A teoria é apenas uma das várias que os pesquisadores estão estudando para entender melhor o fenômeno — e uma das últimas a ser considerada, mas a ideia ganhou força nas redes sociais. Contudo, os cientistas ainda não sabem exatamente com o que estão lidando. No release sobre o estudo, eles afirmam que “outras explicações para sinais anômalos – possivelmente envolvendo físicas exóticas – precisam ser considerados”.

Ibraham Safa, um dos cientistas que participou da pesquisa, postou em seu perfil no Twitter que “os neutrinos foram provavelmente um resultado dos nossos entendimentos imperfeitos do gelo da Antártica, mas há uma chance de que um novo fenômeno da física é o responsável”, mas que, não necessariamente, se trata de um novo universo. “Os eventos da Anita são interessantes, mas estamos longe de garantir que há uma nova física, quem dirá um universo inteiro”, tuitou ele.

Thiago Gonçalves, coordenador da comissão de imprensa da Sociedade Astronômica Brasileira (SAB) e professor de astrofísica na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a chance de esse universo existir é muito pequena, se é que realmente existe. “Essa história de universo paralelo é uma explicação bastante exótica e foge do que seria esperado. De todas as teorias para explicar o resultado, essa é a menos provável de todas”, afirmou ele em entrevista à EXAME por telefone.

Uma das hipótes é que, no momento da explosão do Big Bang, dois universos foram criados. O primeiro é o que conhecemos, e o segundo, sob a perspectiva do tempo na Terra, está indo ao contrário. Se esse universo realmente existir e for habitado, nosso planeta estará contrário a ele.

Em entrevista à revista científica New Scientist em abril, Gorham afirmou que “nem todo mundo está confortável com essa hipótese” e até mesmo cientistas do grupo dele não confiam 100% na teoria.

Sobre a publicação do estudo, Gorham disse à New Scientist que se sente “relutante” por não ter nenhuma confirmação ainda sobre a existência do segundo universo. “Não sabemos como representar isso ainda, mas temos algo”, disse ele.

Gonçalves e outros profissionais da área usaram a seguinte frase do cientista americano Carl Sagan para explicar o assunto: “Afirmações extraordinárias requerem evidências extraordinárias” — e não foi esse o caso. “Existem muitas outras explicações mais prováveis antes dessa [do universo paralelo]. Ainda não temos todas as evidências extraordinárias para essa comprovação”, garantiu.

No fim das contas, pode ser tudo sobre gelo — e não sobre demogorgons em Stranger Things.

Confira os três estudos que foram usados para chegar nesta teoria:

Estudo sobre neutrinos | Descobertas da Anita | Características dos eventos encontrados pela Anita 

Fonte: https://exame.com/ciencia/nasa-descobre-possivel-universo-paralelo-onde-tempo-passa-ao-contrario/

98 Mil mapas antigos em alta resolução para download gratuito = 71 Thousand High-Res Historical Maps Available for Free Download

mapa antigo

To read in English, please type: https://www.archdaily.com/797814/71-thousand-high-res-historical-maps-available-for-free-download

Nota do Blog: Não é erro! A fonte é a mesma: www.archdaily.com.br para a matéria em portugues (link completo no final da matéria) e http://www.archdaily.com para a matéria em inglês. Contudo, na versão em portugues se fala em 98 mil mapas ao tempo em que na versão inglesa se fala de 71 mil mapas.

Os amantes de história e geografia ficarão impressionados com os incríveis mapas antigos do banco de dados David Rumsey Map Collection. A página conta com mais de 98 mil mapas e imagens que abrangem um período que vai do século XVI ao XXI e ilustram a América, Europa, Ásia, África, o Pacífico, o globo como um todo e também os corpos celestes.

O conteúdo do banco de dados pode servir de base para estudos nos campos da história, arte e cartografia, e pode ser procurado por data, local, tema, autor e outras categorias. A resolução dos mapas e imagens da coleção é altíssima, oferecendo a quem acessa detalhes que são raramente enconte: rados nesse tipo de cartografia.

Explore a coleção de mapas e viagem no tempo com as cartografias antigas da David Rumsey Map Collection.

Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/797511/71-mil-mapas-antigos-em-alta-resolucao-para-download-gratuito?utm_medium=email&utm_source=ArchDaily%20Brasil&kth=830,995

CIDADE AMERICANA GERA ENERGIA COM TURBINAS INSTALADAS NO ENCANAMENTO = Portland Now Generates Electricity From Turbines Installed In City Water Pipes

Tubulação

To read in English, please type https://www.good.is/money/portland-pipeline-water-turbine-power

Minha homenagem a todos os engenheiros, em especial, à minha irmã Eugenia, professora da UnB, doutora e profissional do mais elevado nível.

Tudo começou com uma discussão técnica com ela quando eu defendia e ainda continuo defendendo todo e qualquer tipo de aproveitamento de energia. Por exemplo, acho que todo teto de carro deveria ter painéis solares; toda a água liberada pela queima do combustível dos motores de ciclo Otto deveria ser aproveitada pelo próprio automóvel; toda descarga de fundo de hidroelétrica deveria também gerar energia; todo vertedouro / sangradouro idem; toda casa deveria ter coleta de água de chuva, e assim por diante. São inúmeras possibilidades para um mundo mais sustentável (ou menos degradante).

A matéria abaixo não é nova. É de 2015. Mas cai como uma luva para exemplificar bem o quanto de energia deixamos de aproveitar: A água que passa pelas tubulações de abastecimento deveria gerar, também, energia.

A cidade de Portland, nos Estados Unidos, instalou um sistema que captura energia hidroelétrica da água que corre por um dos principais sistemas hidráulicos da cidade. A água corrente gira pequenas turbinas colocadas dentro dos encanamentos, gerando energia que é enviada e armazenada em um gerador.

“É raro encontrar uma nova forma de energia sem impacto ambiental. Esta está dentro de um cano, então nenhum peixe ou espécie ameaçada é impactado”, afirma Gregg Semler, presidente da Lucid Energy, startup local que criou o sistema.

Atualmente, as pequenas turbinas geram a energia que é utilizada na usina de tratamento de água de Portland, barateando o custo final da água ao consumidor. A eletricidade necessária para tornar a água potável é um dos principais gastos de qualquer sistema de saneamento urbano.

Apesar da energia gerada pelo sistema não ser suficiente para alimentar uma cidade inteira, os canos podem gerar energia para prédios como escolas e bibliotecas. E, ao contrário da energia solar ou eólica, o sistema pode gerar eletricidade em qualquer horário ou clima.

A empresa espera trabalhar com outras cidades na instalação do sistema, à medida que os encanamentos antigos fiquem defasados.

A startup também espera expandir o sistema para países em desenvolvimento. “É uma grande fonte de energia para lugares onde não há rede elétrica”, afirma Semler.

Fonte: INFO Online // https://noticias.ambientebrasil.com.br/clipping/2015/01/30/112496-cidade-americana-gera-energia-com-turbinas-instaladas-no-encanamento.html

Uma cidade onde as pessoas plantam sua própria comida = Les Avanchets: The Swiss City that Became a Garden

cidade-comida

To read in English, please type or acess https://www.azureazure.com/gastronomy/food-drink/les-avanchets/

Meu “velho” pai sempre dizia que “o ser humano se viciou em comer” e, dessa forma, a variável comida do dia a dia seria, sempre, a incognita de toda essa equação. Diante disso replico aqui a matéria escrita por Natasha Olsen (https://www.archdaily.com.br/br/author/natasha-olsen) que aborda a necessidade de cada cidade, ou melhor, cada membra de cada cidade, venha a produzir o seu alimentom tomando como exemplo a cidade suíça Les Avanchets

Les Avanchets (http://zip-code.en.mapawi.com/switzerland/5/vernier/3/930/les-avanchets/1220/1639/) é uma cidade na Suíça onde a maioria das pessoas cultivam os seus próprios alimentos em hortas caseiras. Além do cultivo, a troca de alimentos também é muito comum: quem tem cenouras sobrando troca por couves ou limão e assim todos garante uma alimentação saudável e variada, sem agrotóxicos.

A saúde mental também entra nesta conta positiva, já que mexer na terra melhora significativamente o nosso bem estar e esta troca de alimentos acaba aumentando a interação social e o fortalecimento comunitário. As hortas urbanas têm se mostrado ferramenta poderosa para criar solidariedade entre vizinhos, amizades e estabelecer a economia circular.

A construção de uma cultura sustentável

agricultura urbana é um tema que tem merecido cada vez mais destaque no mundo, uma alternativa a cidades sem espaços verdes, onde o contato das pessoas com a natureza vem diminuindo cada vez mais. Mas, as raízes deste movimento são antigas.

A construção desta cultura começou com a I Guerra Mundial. Com o fim dos conflitos a Suíça e outros países da Europa, como Inglaterra, França e Alemanha, deram aos cidadãos terrenos onde pudessem reconstruir a vida, o que deu origem a muitas cidades com uma forte cultura de agricultura urbana.

Esta possibilidade apareceu principalmente em cidades e bairro periféricos. As hortas urbanas garantiram a oferta de alimentos, a saúde e a estabilidade social em muitos lugares devastados pela guerra.

E Les Avanchets manteve esta cultura forte até os dias de hoje. O cultivo de alimentos por lá é uma tradição sustentável passada de uma geração para a outra. As crianças aprendem a plantar e cultivar as suas frutas favoritas com técnicas que mesclam métodos antigos e tradicionais de plantio.

Raízes que se fortaleceram

Em muitas outras cidades, a agricultura urbanas perdeu seu espaço. Mas as pessoas de Les Avanchets  mantêm ainda hoje o equivalente a 5 mil hectares de hortas caseiras.

Este cenário foi fotografado pelo renomado ambientalista e fotógrafo francês Yann Arthus-Bertrand. As fotos aéreas da cidade mostram como uma alternativa às paisagens urbanas que conhecemos.

Os moradores dizem que seus jardins trazem soluções para problemas pessoais, sociais e ambientais e garantem que pretendem continuar a dedicar seu tempo livre ao plantio, atividades ao ar livre, cultivo de alimentos saudáveis sem venenos – um jeito de fortalecer a comunidade e proteger o meio ambiente.

Via CicloVivo

Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/937678/uma-cidade-onde-as-pessoas-plantam-sua-propria-comida?utm_medium=email&utm_source=ArchDaily%20Brasil&kth=830,995

O tesouro escondido pelos nazistas e encontrado por acaso em mina por soldados dos EUA = The treasure hidden by the Nazis and found by chance in a mine by US soldiers

ouro alemão

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Nesse período de quarentena mundial induzida ou forçada trago mais uma história pouco conhecida, escrita por Gabriel Bonis (De Berlim para a BBC News Brasil) e publicada no dia 14 de fevereiro de 2020 pela BBC News Brasil (BBC News Brasil).

Em fevereiro de 1945, a ofensiva das tropas aliadas avançava rapidamente pelo território alemão. Àquela altura, o regime nazista estava diante de uma derrota inevitável. E, há 75 anos, o fim da Segunda Guerra Mundial se aproximava. Mas antes desse desfecho, o Terceiro Reich ainda sofreria mais um baque.

Soldados dos Estados Unidos, que se aproximavam do estado da Turíngia — enquanto o Exército Vermelho da União Soviética fechava o cerco a Berlim pelo leste — fizeram uma surpreendente descoberta: uma mina no vilarejo de Merkers onde os nazistas esconderam mais de 100 toneladas de ouro, metais preciosos e obras de arte de valor imensurável.

Os nazistas saquearam uma quantidade imensa de ouro e moeda de bancos centrais de países europeus durante o conflito, além de itens valiosos de prisioneiros de campos de concentração. Esses recursos foram usados para comprar materiais para a guerra.

“Uma parte significativa dos valores armazenados na mina de Merkers veio do saque de judeus alemães e europeus, bem como do saque dos territórios ocupados. Grande parte dos objetos de valor roubados dos prisioneiros dos campos de concentração foram escondidos diretamente nos campos”, afirma à BBC News Brasil Annemone Christians, pesquisadora do Departamento de História da Universidade Ludwig Maximilians.

“Não se pode dizer com certeza que a maior parte do ouro foi saqueada, mas há indícios de que sim. Um problema ao tentar fazer essas contas é que os alemães frequentemente fundiam ouro saqueado e depois rotulavam-no em barras como se fosse alemão para disfarçar suas origens”, completa Greg Bradsher, arquivista sênior da Administração Nacional de Arquivos e Registros dos EUA.

Fuga da capital

O tesouro encontrado pelos aliados acabou em Merkers (a cerca de 350 quilômetros de Berlim), na Turíngia, após intensos bombardeios aéreos na capital alemã. Em 3 de fevereiro, aviões americanos lançaram quase 2,3 mil toneladas de bombas na cidade.

O episódio causou a quase demolição do Reichsbank, o banco central do país naquele período, destruindo, entre outras coisas, as máquinas de imprimir moeda.

Foi então que as autoridades nazistas decidiram mover suas reservas de Berlim para um local seguro, a fim de proteger recursos cruciais para a guerra. Esse tipo de remanejamento para outras partes da Alemanha ocorria ao menos desde 1943.

Àquela altura do conflito, o governo havia requisitado minas de sal e potássio espalhadas pelo país. “O transporte de ouro, moeda estrangeira e tesouros de arte para Merkers deve ser visto como uma medida incomum para proteger esses objetos de valor do Exército americano que se aproximava naquele ponto crucial da guerra”, afirma Christians.

“No entanto, era comum durante a guerra usar grandes minas de sal e potássio para armazenar materiais e continuar a produção de armamentos no subsolo por causa do aumento de bombardeios (dos aliados)”, completa a pesquisadora.

“Apenas alguns bunkers foram usados, principalmente as gigantescas torres de Flak em Berlim. As reservas de ouro foram armazenadas em bancos até serem transferidas para Merkers. O mesmo vale para papel-moeda e outros objetos de valor”, diz Bradsher.

Em 11 de fevereiro, parte das reservas de ouro alemãs foram levadas de trem para Merkers. Alguns bens saqueados de prisioneiros de campos de concentração também tiveram o mesmo destino, incluindo jóias, ouro, prata, diamantes, dinheiro e outros metais preciosos.

Segundo o Arquivo Nacional dos EUA, 1 bilhão de reichsmarks (a moeda alemã da época) em reserva monetária e uma “quantidade considerável de moeda estrangeira” acabaram em um cofre no chamado Quarto nº 8 da mina.

Em março de 1945, obras de arte dos mais importantes museus de Berlim foram alocadas na mesma mina. Os nazistas enviaram também especialistas para cuidar desses objetos.

Um tesouro perdido

Conforme as tropas dos EUA se aproximavam de Merkers, os oficiais do Reichsbank decidiram trazer as reservas e as obras de arte de volta para Berlim. Em 1º de abril, contudo, havia pouca esperança de que conseguiriam fazê-lo.

Os americanos já estavam muito próximos e as ferrovias locais, parcialmente fechadas. “Os alemães não tinham os meios logísticos, especialmente trens. E mesmo se tivessem, estariam bastante limitados quanto aos lugares para onde o ouro poderia ser levado, pois as tropas americanas e soviéticas se aproximavam da Turíngia pelo oeste, leste e sul”, diz Bradsher.

Em 2 de abril, oficiais do banco central tentaram ao menos recuperar parte do dinheiro guardado no local. Com a ajuda de trabalhadores poloneses e caminhões, foi possível retirar cerca de 200 milhões de Reichsmarks e 50 pacotes de moedas estrangeiras da mina.

Em 4 de abril, o Terceiro Batalhão do 358º Regimento de Infantaria, 90ª Divisão de Infantaria, 3º Exército tomou Merkers. E nos dois dias seguintes, as tropas interrogaram deslocados internos que mencionaram movimentos recentes do Reichsbank para transportar ouro de Berlim até a mina.

Ordens foram dadas para guardar o local com metralhadoras pesadas e tanques leves.

Na manhã de 7 de abril, os americanos entraram na mina com um fotógrafo. No fundo do poço principal de 640 metros de profundidade, havia um cofre bloqueado por um muro de tijolos de quase 1 metro de espessura. No centro da parede, uma pesada porta de aço com fechadura era o último obstáculo para a captura do tesouro.

Usando explosivos, os americanos conseguiram acessar o conteúdo do imenso Quarto nº 8, que tinha aproximadamente 22 metros de largura por 45 de comprimento, com um teto de quase 4 metros de altura.

Lá, encontraram mais de 7 mil bolsas empilhadas em 20 fileiras, marcadas e seladas. No fundo da mina, havia um pequeno lote de sacolas, baús e caixas cujos conteúdos pareciam ter sido enviados de campos de concentração.

O inventário final incluía, entre outras coisas, 3.682 bolsas e caixas da moeda alemã, 80 bolsas de moeda estrangeira, 4.173 bolsas com 8.307 barras de ouro, 55 caixas de barras de ouro, 3.326 bolsas de moedas de ouro, 63 bolsas de prata, 1 sacola de barras de platina, 8 sacolas de anéis de ouro e 207 sacolas e contêineres de saques de campos de concentração. Havia ainda 45 caixas com obras de arte.

A mina até recebeu a visita do então general Dwight D. Eisenhower, que seria eleito presidente dos EUA em 1953.

Apesar de ser uma descoberta significativa, incluindo o busto de Nefertiti e obras de Rembrandt e Dürer, argumenta Christians, o valor econômico real da captura era menor.

“O governo nazista espalhou reservas de ouro, moeda e ativos valiosos em diversas contas, armazenando-o em numerosos lugares, bancos e agências do Reichsbank. O ‘tesouro’ da mina Merker representava uma parcela pequena dos ativos financeiros alemães.”

“Já que o ouro foi transferido de Berlim para Merkers, os alemães não estavam mais em posição, tanto logística como diplomática, de usá-lo para compras no exterior. Na verdade, já era assim mesmo antes da transferência. Parece que essa captura não teve impacto no resultado da guerra, que terminou quatro semanas depois”, complementa Bradsher.

O destino do ouro

Entre 14 e 16 de abril, os americanos transferiram os itens encontrados na mina de Merkers para a filial do Reichsbank em Frankfurt. A intenção era mover tudo o mais rápido possível, antes que as tropas soviéticas chegassem. Conforme acertado na Conferência de Yalta, aquela área ficaria sob comando soviético após o fim da guerra.

Mas esse não é o fim do história.

Em agosto de 1945, o Departamento do Tesouro dos EUA e o Banco da Inglaterra concluíram que as barras e moedas de ouro e prata capturadas tinham valor estimado em mais de 262 milhões de dólares.

As moedas estrangeiras foram enviadas aos seus locais de origem. O ouro foi devolvido aos países saqueados por meio de um fundo especial para reparação dos aliados, mas parte desse processo foi concluído apenas em 1996. Uma parcela do ouro também foi usada para indenizar sobreviventes do Holocausto.

Fonte: https://br.noticias.yahoo.com/o-tesouro-escondido-pelos-nazistas-172817944.html?soc_src=community&soc_trk=ma