APENAS UM DESABAFO: Pode dormir em paz, menina de uma menina.

tarja preta

Eu, Frederico, costumo brincar junto com a minha esposa que, entre meus, delas e nossos, somos pais de 8 filhos. Temos uma turminha boa para cuidar e monitorar. A pauta filho está sempre presente nas nossas conversas diárias.

Eu, Frederico, vivi ontem o quanto a esposa ficou transtornada, pela forma sumária de como o problema “da criança da criança” foi resolvido. Assim, pedi para que ela ocupasse o espaço de hoje desse blog.

Deixe ela, Dani, falar por ela, falar por nós, falar por (quase) todos.

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Estou aqui, em frente à essa tela branca, há uns 30 minutos …

Já pensei em não escrever, afinal o desfecho esperado já ocorreu, o bandido, o assassino, o monstro, o estuprador, já está preso!

Então, eu já posso dormir em paz, você também já pode deitar sua cabeça no travesseiro tranquilamente, afinal, o tio animal foi preso!!!!!

Afinal, só há um tio animal na nossa sociedade!!

Afinal, só uma menina de 10 anos foi violentada, molestada, estuprada por 4 anos pelo seu tio animal…

Ainda me sinto impactada com essa notícia… não, não sou de mimimi, não é qualquer coisa que me comove, mas, ontem tudo isso mexeu comigo…

Ontem duas crianças morreram. Mataram duas crianças. Uma que continuará sua sobrevivência, tentando reconstruir o impossível e outra morta, porque era a “consequência” de uma monstruosidade.

Tantas perguntas e questionamentos me veem a mente…

A gravidez deveria ter sido interrompida, é um fato, é lei, é uma questão de preservar a vida da criança de 10 anos. Mas esperar 6 meses para isso??? ou cumprir a lei depois desse sexto mes?

Seis meses Senhores membros do Conselho Tutelar????? Tão ativo e voraz, para não deixar crianças catarem no coro de Natal de Curitiba, por exemplo, por acharem que é muita exposição!!

Hipócritas!!!!

Esse bebê de seis meses (idade gestacional) não poderia ser retirado e seguir para a adoção???

Esse bebê não poderia ser retirado e ter o direito de ir para outra casa, ele (nesse caso, ela), pelo menos ter uma vida decente?

Não sabemos se ele sobreviveria… não, não saberemos nunca…

O bebê pagou o preço da doença do tio? Da irresponsabilidade de quem cuidava da menina de 10 anos??? Da negligência do estado?? Da autoridade de semideus do médico??

Todos agora podemos dormir?

Porque não haverá mais meninas de 10 anos sendo estupradas pelos familiares, não teremos mais bebês mortos aos 6 meses de gestação.

Eu sempre digo e aqui repito: a hipocrisia reina!

Ontem o inferno comemorou! O mal venceu de todas as formas e a escuridão cobriu toda a Terra.

Mulheres batendo palmas para a aborto, mulheres adultas, que dão conta das suas vidas, dos seus corpos, que podem e devem fazer o que quiserem (eu disse que eu não era de mimimi) com suas vidas, façam quantos abortos quiserem, onde quiserem e arquem física, emocional e espiritualmente com isso…

Mas, daí vem a mídia… ahaa a mídia e nos alivia dizendo que isso acontece toda semana, que isso é comum, é normal….

Normal?

Então, eu posso ficar tranquila e não me apavorar, porque semana que vem outra menina estará passando por isso, outro bebe de 6 meses estará sendo morto… e a vida segue?

Porque é assim mesmo…. Porque não se tem o que fazer…

Por que não há uma alternativa menos dolorosa, pelo menos para uma das partes?

Por que silenciosamente não salvaram o bebê?

Porque silenciosamente não vale, porque silenciosamente não conta, porque o ser humano precisa sempre do aplauso, precisa aparecer, ser a vítima ou a estrela de alguma coisa. Por que não pode ser silencioso e fazer o bem?

Simples assim.

Ontem o céu chorou, chorou por nós, tão longe da grandiosidade de quem nos fez.

Os experimentos científicos mais perturbadores da história da humanidade = The seven creepiest science experiments

Fazer ciência para que ou para quem?

É indiscutível que a ciência tenha sido responsável por muitos passos da evolução na humanidade, mas também foi muito cruel no decorrer da história, com experimentos capazes de levantar um verdadeiro debate em torno da ética. Levando isso em consideração, trazemos nesta matéria sete desses experimentos inacreditáveis e simplesmente assustadores, e todos realizados em pleno Século XX.

To read in English, please type https://www.sciencemag.org/news/2014/10/seven-creepiest-science-experiments

experimentos

I) Armas Biológicas da União Soviética

O programa de guerra biológica soviética começou nos anos 1920, porque o exército percebeu, depois de uma epidemia brutal de tifo, que a doença era muito mais perigosa do que a bala. Em 1946, foi construído um complexo de pesquisa biológica do exército. Dez anos depois, armas químicas e biológicas passaram a ser utilizadas em guerras. A proposta era muito cruel porque, segundo as crenças do próprio governo soviético, os melhores agentes eram aqueles para os quais não havia nenhuma cura conhecida.

Por meio disso, eles desenvolveram o maior e mais avançado sistema de guerra biológica do mundo, armazenando centenas de toneladas de antraz e dezenas de toneladas de peste e varíola para uso contra os EUA e os aliados ocidentais. Além de experimentos com animais, cientistas testaram vírus mortais nos prisioneiros das Gulags (sistemas de campos de trabalhos forçados destinados a criminosos), gerando um número expressivo de mortes muito dolorosas. O objetivo era encontrar um produto químico insípido e inodoro que não pudesse ser detectado após a morte. Em meio a esses experimentos, as vítimas ingeriam venenos que eram dados junto com uma refeição ou bebida, como uma medicação. A pesquisa também teve um grande impacto sobre os próprios pesquisadores: vários deles morreram como resultado de seus experimentos.

No livro Biohazard: A verdadeira história arrepiante do maior programa secreto de armas biológicas do mundo contado por dentro pelo homem que o conduziu, autobiografia do cazaque Ken Alibek, vemos que o primeiro vice-chefe da Biopreparat (a agência farmacêutica responsável por desenvolver e produzir armas feitas a partir de vírus, toxinas e bactérias para a União Soviética) descreve vários experimentos que foram realizados. Dentre eles, um em que cem macacos foram enfileirados enquanto eram bombardeados com gás nocivo: “Cerca de setenta e cinco metros acima do solo, uma nuvem da cor da mostarda escura começa a se desdobrar, dissolvendo-se suavemente à medida que desliza em direção aos macacos. Os macacos puxam suas correntes e começam a chorar. Alguns enterram a cabeça entre as pernas. Alguns cobrem a boca ou o nariz, mas é tarde demais: já começaram a morrer”, conforme consta no livro.

II) Unidade 731

Não foi apenas a União Soviética que utilizou armas biológicas para abater os inimigos com muita dor. Antes disso, o Japão já tinha feito esse tipo de experimento, durante a segunda guerra sino-japonesa. O estudo dos efeitos das armas biológicas em seres humanos foram desenvolvidos em um lugar chamado Unidade 731, que foi criado pelo general japonês Shiro Ishii, com autorização do Imperador Hirohito. Para registrar os limites do corpo humano quando submetido a situações extremas que poderiam acontecer no front de batalha, os japoness contaminavam propositalmente seus prisioneiros chineses com diversas doenças. Durante o funcionamento, a tática foi responsável pela morte de milhares de pessoas.

Edward Behr trouxe em seu livro, Hirohito – por trás da lenda, relatos de pessoas que trabalharam na Unidade 731. Em um deles, Ozono, que trabalhou na emissão de documentos secretos, descreve os marutas (era assim que os japoneses chamavam os prisioneiros de guerra chineses) e os experimentos realizados: “Eram vítimas de diversas formas de pesquisas: alguns eram infectados com disenteria ou injetados com tétano; outros (alguns usando máscaras, outros não) eram levados a um lugar aberto e bombardeados com cianureto; outros ainda eram enterrados em câmaras frias, a 50 graus negativos, e congelados até a morte. Outros experimentos eram ainda mais aterradores: para controlar os limites da duração humana, prisioneiros eram obrigados a carregar pesadas mochilas do Exército e marchar em círculo no clima frio da Manchúria, com quantidades mínimas de alimento e água, até morrerem de exaustão”.

III) Os gêmeos de Auschwitz

O nazismo é um dos acontecimentos da humanidade mais associados à crueldade. Os prisioneiros eram submetidos a uma série de experimentos perturbadores, e muitos deles foram administrados pelo médico alemão Josef Mengele, que chegou a morar por alguns anos em São Paulo. Mengele foi apelidado de “Anjo da Morte”, e era fascinado pela genética humana. As cobaias favorita para os seus experimentos eram os irmãos gêmeos, que eram recebidos de maneira especial pelo médico assim que chegavam no campo de concentração em Auschwitz, na Polônia. Eles recebiam até brinquedos e acomodação isolada antes que a tortura começasse.

Mengele extraía amostras sanguíneas dos gêmeos diariamente e às vezes injetava o sangue de um irmão no outro para analisar as reações. Além disso, o médico acreditava que a população de gêmeos deveria crescer, e forçava casais de irmãs gêmeas e irmãos gêmeos a ter relações sexuais. Além disso, Mengele também costumava injetar tinta nos olhos dos gêmeos visando a alteração da pigmentação da íris, o que muitas vezes ocasionava em infecção imediata ou mesmo cegueira. Quando os gêmeos já não eram mais úteis, Mengele matava, arrancava os olhos e os expunha na parede da sala.

No entanto, um dos experimentos mais cruéis do médico constituía em injetar clorofórmio no coração de dois irmãos gêmeos, fazendo com que o sangue coagulasse e os batimentos cardíacos parassem, e então ele fazia autópsias para ver se os dois órgãos tinham reações diferentes ao produto químico.

IV) Lavagem cerebral

Entre os anos 1950 e 1960, um psiquiatra chamado Ewen Cameron se concentrava em encontrar a cura para a esquizofrenia. Ele acreditava que o cérebro do esquizofrênico era capaz de ser reprogramado por meio da imposição de novos padrões de pensamento, voltando assim a ser um cérebro saudável. No hospital psiquiátrico onde ele trabalhava, o Allan Memorial Clinic, em Montreal (Canadá), Cameron realizava diversos experimentos em pacientes, esquizofrênicos ou não.

O psiquiatra fazia com que seus pacientes usassem fones de ouvido e ouvissem mensagens repetidamente durante dias ou semanas, que batizou de “condução psíquica”, mas foi rebatizado pela imprensa de “lavagem cerebral benéfica”. Alguns pacientes chegavam com doenças que não tinham nada a ver com esquizofrenia, como ansiedade, por exemplo, mas acabavam sendo sedados pelo médico e amarrados numa cama para serem submetidos à lavagem cerebral.

Cameron chegou a chamar a atenção da CIA com seus experimentos, e passou até a ser financiado por ela, mas depois de um tempo os seus testes foram considerados como um fracasso, e a verba foi cortada. Posteriormente, o próprio psiquiatra chegou a descrever sua série de experimentos como “uma viagem de dez anos pela estrada errada”. Vale ressaltar que, no final da década de 1970, os ex-pacientes de Cameron chegaram até a processar a CIA por ter financiado o trabalho do psiquiatra.

V) O cão de duas cabeças

O cientista soviético Vladimir Demikhov foi responsável por um dos experimentos mais bizarros presenciados pela humanidade, ao criar o cachorro de duas cabeças, em 1954, em um laboratório próximo a Moscou. Demikhov enxertou a cabeça, os ombros e as patas dianteiras de um filhote no pescoço de um pastor alemão.

O experimento foi responsável por causar o choque no público, principalmente porque o cientista fez questão de apresentar seu experimento para a imprensa mundial. Um ponto do caso que chama a atenção é que, na época, a União Soviética chegou a ostentar o cachorro como prova da proeminência médica do país. A proposta do cientista soviético, afinal, era descobrir uma técnica para o transplante de coração e de pulmão em seres humanos.

Demikhov seguiu criando cães de duas cabeças ao longo de quinze anos, e todos eles morriam em pouco tempo, vítimas de consequências voltadas à rejeição de tecido. O cão de duas cabeças com maior longevidade foi um que viveu pouco mais de um mês.

VI) Decapitando ratos

Carney Landis, aluno do curso de psicologia da Universidade de Minnesota, desenvolveu um experimento em 1924 cuja proposta era perceber se os sentimentos eram representados por expressões faciais específicas. Em outras palavras, o rapaz queria saber se havia uma expressão universal para demonstrar felicidade, nojo, choque, tristeza e outros tipos de emoções.

O estudante universitário recrutou voluntários para o seu experimento, que em sua maioria eram outros alunos da Universidade de Minnesota, levou-os até um laboratório e fez riscos em suas faces visando uma observação precisa dos movimentos dos músculos faciais, posteriormente submetendo-os a estímulos que envolviam colocar a mão em um balde cheio de animais pegajosos, assistir pornografia ou mesmo cheirar amônia, e registrando suas reações por meio de fotos.

O experimento passou a ficar obscuro a partir do momento em que Landis ordenou que os voluntários decapitassem um rato que era entregue vivo, em uma bandeja. A maior parte dos voluntários apresentou resistência diante da ordem, mas alguns acabaram aceitando decapitar o roedor. Em resposta aos que negavam, o próprio Landis fazia o serviço, certificando-se de registrar a expressão facial do colega em questão enquanto decapitava o rato diante dele.

VII) Criando assassinos

Carney Landis, aluno do curso de psicologia da Universidade de Minnesota, desenvolveu um experimento em 1924 cuja proposta era perceber se os sentimentos eram representados por expressões faciais específicas. Em outras palavras, o rapaz queria saber se havia uma expressão universal para demonstrar felicidade, nojo, choque, tristeza e outros tipos de emoções.

Milgram foi responsável pela seleção de alguns voluntários para fazer parte de seu experimento. Ele disse aos voluntários, no entanto, que aquilo se tratava de um experimento para verificar o efeito da punição no aprendizado de uma pessoa. O aprendiz, em questão, era um ator. A proposta era que ele deveria memorizar uma série de palavras, que seria acompanhada pelos voluntários por meio da leitura de um gabarito. Se o ator (que, para os voluntários, tratava-se de outro voluntário, já que eles não sabiam que tudo era armado) errasse uma palavra, a ordem era que dessem uma descarga elétrica nele. A cada erro, os choques (que eram secretamente de mentira) aumentariam a voltagem.

Durante o experimento, o ator errava de propósito, e os voluntários eram obrigados a aumentar a potência do choque. Em resposta, o aprendiz começava a gritar e chorar, e até implorar que o libertassem. Se os voluntários perguntassem para os pesquisadores o que deveria ser feito, eles apenas encorajavam a continuar o experimento, uma vez que a proposta de Milgram era, justamente, saber quanto tempo aquelas pessoas levariam para recusar a dar o choque no aprendiz, e se a obediência os levaria a matar alguém.

Mesmo deparados com os gritos do aprendiz, os voluntários não recuavam, e a maior parte deles continuava a dar choques até atingir a potência máxima, levando o ator a cair e ficar em silêncio, como se ele estivesse morto. Dentre as reações dos voluntários que foram registradas por Milgram, houve tremedeira, suor e até risos histéricos, mesmo que continuassem a pressionar o botão, dando a descarga no ator. O pesquisador também fez testes com pessoas que não podiam ver e nem ouvir os gritos do ator, e todos desse tipo de experimento cooperaram sem hesitação.

A conclusão do pesquisador, depois da realização dos experimentos, foi: “Eu diria, com base em milhares de pessoas que observei durante os experimentos e na minha própria intuição, que se um sistema de campos de extermínio como os da Alemanha nazista fosse implantando nos Estados Unidos, seria possível encontrar trabalhadores e encarregados pelo seu funcionamento em qualquer cidade de médio porte do país”.

Fonte: QuoraThe GuardianBBCViceGizmodoVerywellMind

Por Nathan Vieira, https://canaltech.com.br/ciencia/os-experimentos-cientificos-mais-perturbadores-da-historia-da-humanidade-145437/

SENHOR PRESIDENTE DA CHINA, POR FAVOR, LIBERTE O GEÓGRAFO TASHPOLAT TIYIP

O blog está com quase 250.000 acessos e tenho evitado falar de assuntos polêmicos tais como política, principalmente, a partidária. Hoje cedo o espaço para publicar um artigo escrito pelo Fábio Angeoletto  (*).

O Fábio é um grande amigo e colaborador desse blog. Um dos maiores ecólogos urbanos desse país e juntos temos publicados inúmeros artigos sobre agricultura urbana e temas afins.

Com a palavra, Fábio Angeoletto:

No último mês de setembro, a organização não governamental Anistia Internacional lançou uma campanha alertando sobre a execução iminente do professor Tashpolat Tiyip (de etnia uigur que foi presidente da Universidade de Xinjiang de 2010 a 2017), um geógrafo brilhante, que foi encarcerado pelo governo chinês em 2017.

A Anistia Internacional vem mobilizando pessoas de todos os continentes, para que escrevam cartas ao presidente da China, Xi Jinping, solicitando o cancelamento da execução do professor Tashpolat, e sua imediata liberação.

Várias associações científicas estão repercutindo a campanha da Anistia Internacional. A Associação dos Geógrafos Americanos escreveu ao presidente Jinping, em nome dos seus milhares de associados, pedindo pela vida e pela liberdade do geógrafo chinês.

De acordo com a prestigiosa revista acadêmica Science, ninguém fora do governo chinês sabe onde está Tashpolat Tiyip. Ninguém sabe exatamente quais acusações foram feitas contra ele. Tiyp foi preso em abril de 2017, quando se preparava para viajar de Pequim a Berlim para uma conferência científica. Seis meses depois, surgiu um vídeo de propaganda chinesa dizendo que Tiyip era um dos 88 intelectuais que “envenenaram profundamente as mentes” dos estudantes ao aprovar livros didáticos com conteúdos sobre a etnia uigur – o grupo étnico que representa cerca de metade dos 24 milhões de habitantes da província de Xinjiang.

Os uigures, segundo a Anistia Internacional, são uma minoria étnica principalmente muçulmana, concentrada na Região Autônoma Uigur do Xinjiang, na China.  Desde os anos 80, os uigures têm sido alvo de violações sistemáticas e extensas dos direitos humanos. Isso inclui detenções e prisões arbitrárias, restrições à liberdade religiosa, além de violações de direitos culturais e sociais. As políticas do governo chinês limitam o uso da língua uigur e incentivam o um fluxo constante de migrantes à região. Tashpolat Tiyip é uigur.

Eu escrevi uma carta ao presidente Xi Jinping, em inglês, e a enviei como correspondência registrada, seguindo o modelo da Anistia Internacional. Transcrevo a missiva nesse artigo, e convido os leitores a também pedirem ao presidente chinês pela vida do professor Tiyip. As cartas podem ser enviadas ao presidente, ou ao seu embaixador em Brasília, em inglês ou português.

Caro Presidente Xi Jinping,

Peço respeitosamente sua intervenção urgente para interromper a execução do Dr. Tashpolat Tiyip . Dr. Tiyip era o reitor da Universidade de Xinjiang e professor de geografia quando foi detido em 2017. Ele está encarcerado desde então e seu paradeiro permanece desconhecido. Ele foi condenado por “separatismo” em procedimentos secretos e grosseiramente injustos.

A prisão do Dr. Tiyip representa um fato preocupante para qualquer pessoa preocupada com a liberdade intelectual e científica, que deve ser autorizada a florescer em qualquer sociedade, pois serve ao crescimento e ao bem-estar de toda a humanidade. Condenado à pena de morte, o Dr. Tiyip está na iminência de ser executado.

Eu solicito ao senhor presidente que:
•       Interrompa imediatamente os planos de execução do Dr. Tashpolat Tiyip;
•       Liberte o Dr. Tashpolat Tiyip incondicionalmente, a menos que haja evidência crível e admissível de que ele cometeu um crime reconhecido internacionalmente e que tenha recebido um julgamento justo, de acordo com os padrões internacionais.
Assinado,
Dr. Fabio Angeoletto
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(*) Fabio Angeoletto é professor do Mestrado em Geografia da UFMT, campus de Rondonópolis

O (in)acreditável mundo do WhatsApp

fakenews

Passadas as eleições 2018, que tal, de cabeça fria e mais reflexiva analisarmos os efeitos positivos e danosos dessa ferramenta no nosso dia a dia?

Disse recentemente que TODO O LIXO DAS ELEIÇÕES ANTERIORES, planfletos, “santinhos”, folders e cartazes vieram direto para o nosso celular e, em especial, para o  nosso WhatsApp.

A pedido da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), os fact-checkers da Agência Lupa analisaram o grau de veracidade de 50 imagens que circularam no WhatsApp entre os dias 16 de agosto e 7 de outubro de 2018, durante o primeiro turno das eleições de 2018. Desse conjunto, apenas quatro eram comprovadamente verdadeiras.

O conjunto sobre o qual a Agência Lupa trabalhou foi determinado pelos pesquisadores das duas universidades, a partir de um levantamento feito com 347 grupos públicos de discussão política no WhatsApp, monitorados pelo projeto Eleições sem Fake, mantido pela UFMG.

Nesses grupos públicos e no período citado, 18.088 usuários postaram 846.905 mensagens. Dentre elas, 107.256 eram imagens; 71.931 eram vídeos; 13.890, áudios; 562.866, mensagens de texto e 90.962, links externos.

O conjunto analisado pela Agência Lupa corresponde às 50 imagens mais compartilhadas nesses WhatsApps coletivos durante o período citado. Veja aqui o detalhamento sobre as conclusões dos checadores.

Agora leia a versão – em português – do artigo que foi publicado nesta quarta-feira (17) no “The New York Times” com base no estudo:

O WhatsApp, aplicativo de mensagens de propriedade do Facebook, é uma das principais ferramentas utilizadas pelos brasileiros para contatar amigos e família – e para fazer negócios. A cada dia que passa, ele está mais inserido na política do país. Levantamento do Datafolha mostrou que 44% dos eleitores no Brasil utilizam o WhatsApp para ler informação de cunho político e eleitoral. Infelizmente, no período que antecedeu o primeiro turno da eleição presidencial, ocorrido  em 7 de outubro, o aplicativo foi utilizado para difundir um nível alarmante de desinformação, boatos e notícias falsas.

Faltando poucas semanas para o segundo turno, que será realizado em 28 de outubro, entre o candidato de extrema direita, Jair Bolsonaro, e seu oponente de esquerda, Fernando Haddad, ainda há tempo para o WhatsApp implementar mudanças temporárias na plataforma, medidas capazes de reduzir a intoxicação da vida política brasileira. A empresa precisa agir antes que seja tarde demais.

Medidas importantes de combate às notícias falsas foram encampadas de forma bastante positiva no Brasil nos últimos meses. Somos um dos 17 países onde o Facebook implantou seu projeto de verificação de notícias e onde os fact-checkers trabalham para reduzir a presença de notícias falsas no Feed de Notícias. O Facebook e o Google também apoiam a iniciativa Comprova, que reúne 24 redações profissionais que, juntas, atuam para verificar links, vídeos e imagens supostamente falsos.

Mas esses esforços parecem ter empurrado as campanhas sujas para outros espaços – em particular o WhatsApp, onde a atividade consiste em conversas individuais, criptografadas e em chats que podem envolver até 256 pessoas. São espaços muito mais difíceis de serem monitorados do que o Feed de Notícias do Facebook ou os resultados das buscas feitas no Google.

De 16 de agosto a 7 de outubro, nós monitoramos e analisamos postagens feitas em 347 grupos públicos de WhatsApp – espaços focados em discussões políticas, mas que representam apenas uma pequena porcentagem dos milhares de grupos usados pelos brasileiros todos os dias para obter informações. Nosso estudo, fruto de uma parceria entre a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a Universidade de São Paulo (USP) e a Agência Lupa será divulgado nesta quarta-feira (17) e mostra como a desinformação se espalha nesse ambiente.

É difícil determinar em que medida a propagação de informações falsas e distorcidas está ligada aos partidos políticos e aos candidatos, mas a tática das campanhas sujas é clara: elas combinam uma estratégia piramidal e em rede, na qual produtores criam conteúdo malicioso e o transmitem para ativistas regionais e locais que, então, espalham as mensagens de forma ampla em grupos públicos e privados. Assim, os conteúdos  se disseminam ainda mais, à medida que são reencaminhados para outros contatos por pessoas que acreditam neles.

A partir de um universo de mais de 100 mil imagens de conteúdo político que circularam pelos 347 grupos monitorados, selecionamos as 50 mais compartilhadas e pedimos que elas fossem analisadas pela Agência Lupa, a plataforma de checagem líder no Brasil. Oito das 50 fotos foram consideradas falsas; 16 eram reais, mas usadas fora de contexto ou com dados distorcidos; quatro eram insustentáveis, ou seja, não se baseiam em nenhum banco de dados público confiável. Isso significa que 56% das imagens mais compartilhadas nesses grupos eram enganosas. Apenas 8% das 50 imagens mais populares nesse universo foram consideradas verdadeiras.

O problema das notícias falsas no Brasil transcende as divisões políticas.

Os apoiadores de Bolsonaro compartilharam diversas imagens descrevendo políticos – inclusives nomes da centro-direita – como “comunistas”. A foto mais popular dentro do universo estudado é uma imagem em preto e branco que mostra Fidel Castro e uma jovem mulher. A descrição que acompanha a foto informa que se trata da ex-presidente Dilma Rousseff e que ela teria sido pupila do líder cubano, uma “aprendiz de socialista”. Mas a mulher da foto não é Dilma. A imagem foi feita nos Estados Unidos, em abril em 1959, quando a ex-presidente tinha apenas 11 anos de idade. Fotos como essa têm surtido efeito em ataques contra Dilma e o PT – partido de Haddad – num país cuja classe média parece rechaçar o comunismo.

As notícias falsas espalhadas pelos apoiadores de Haddad são geralmente diferentes. Distorcem posições e propostas de Bolsonaro sobre impostos e salário mínimo, exagerando dados. Mas algumas mensagens que circularam no WhatsApp alimentam teorias da conspiração. No dia 6 de setembro, quando Bolsonaro foi esfaqueado, militantes de esquerda compartilharam fotos do candidato entrando sorridente num hospital, como se ele tivesse fingido o ataque. A imagem tinha sido feita antes do atentado.

O alarmante fluxo de informações distorcidas pode ser reduzido. Se, de hoje até o dia 28 de outubro, o WhatsApp fizer algumas alterações em seu sistema, será possível reduzir o compartilhamento de mentiras. São mudanças simples que em nada afetarão a liberdade de expressão ou a privacidade dos usuários.

Sugerimos que o WhatsApp adote essas três medidas imediatamente:

Restrição de encaminhamentos: no início deste ano, depois da disseminação de rumores que foram compartilhados via WhatsApp e que provocaram linchamentos na Índia, a empresa estabeleceu restrições no número de vezes que uma mesma mensagem pode ser encaminhada. Globalmente, fixou em 20. Na Índia, reduziu para cinco. Acreditamos que o WhatsApp deve adotar temporariamente a mesma medida no Brasil.

Restrição de transmissões: o WhatsApp permite que qualquer usuário envie uma mesma mensagem para até 256 contatos de uma só vez, via lista de transmissão. Isso significa que um pequeno grupo coordenado pode facilmente orquestrar uma grande campanha de desinformação usando o aplicativo. Ao limitar o número de pessoas que podem ser atingidas por uma transmissão, o WhatsApp pode impedir que isso aconteça.

Limitar o tamanho de novos grupos: Novos grupos criados no Brasil nas próximas semanas devem ter um número máximo de usuários. Essa medida não afetaria os grupos já existentes.

No início desta semana, contactamos o WhatsApp e apresentamos essas sugestões. A empresa respondeu sinalizando que não haveria tempos suficiente para implementar essas mudanças. Nós discordamos. Na Índia, foram necessários apenas poucos dias para que o WhatsApp começasse a fazer ajustes. O mesmo pode ser feito no Brasil.

Nosso país está num momento político decisivo. As posições de extrema-direita de Bolsonaro – incluindo as relativas a direitos humanos e ao regime militar – levaram muitos eleitores a temer pelo futuro da democracia. Outros muito estão incomodados por ver que Haddad parece seguir ordens diretas de Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-presidente que está preso desde abril por corrupção.

Diante de questões tão importantes e em meio a um debate tão polarizado, os brasileiros não deveriam decidir seus votos com base em informações falsas ou distorcidas. Nenhuma de nossas sugestões significa que o WhatsApp limitará suas operações ou impedirá que brasileiros se comuniquem com suas famílias e amigos. Sugerimos que a empresa, temporariamente, adote alguns limites para impedir o avanço das notícias falsas e de perigosos boatos.

Cristina Tardáguila é diretora da Agência Lupa. Fabrício Benevenuto é professor de Ciência da Computação na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Pablo Ortellado é professor de Políticas Públicas da Universidade de São Paulo (USP)

Fonte: https://br.noticias.yahoo.com/o-inacreditavel-mundo-whatsapp-174151488.html

NOSSA JUVENTUDE

atlas da violencia

Hoje o Blog abre espaço para o relato do professor e amigo Ricardo Mariz, da Esquina do Pensamento. Ele é leitor do meu blog e eu, ouvinte do vlog dele. Vale a pena refletir sobre esse tema e números que ele trás sobre a nossa juventude.

E a nossa juventude? Vamos prosear um pouco sobre esse assunto? (https://www.youtube.com/watch?v=R_QV3suy8Pw)

Na Esquina do Pensamento de hoje quero conversar com você sobre a nossa juventude. Parece-me que podemos enveredar, pelo menos, por dois caminhos nessa prosa. Conversar da nossa fase da juventude, ou seja, da juventude que mora em nós e conversar sobre a juventude atual.

Sobre o primeiro rumo possível dessa prosa, lembro-me de uma conversa que tive um amigo no mês passado. Recordávamos os fatos que cercaram o assassinato do Padre Josimo Tavares, ligado à Comissão Pastoral da Terra, que atuava na região do Bico do Papagaio. Isso aconteceu em 1986 e foi marcante para nossa formação da juventude. No final da semana passada, conheci um professor de São Paulo que também comentava sobre as suas experiências da juventude e como elas se fazem presentes no seu dia-a-dia, na forma que ele percebe sua docência e seus compromissos. Na juventude, além de viver o que temos para viver, vamos de alguma forma moldando um jeito de viver a vida, quando adultos.

Isso me remete ao outro rumo dessa prosa. A nossa juventude de hoje. Nos últimos dias formam divulgados os dados do IPEA sobre o Atlas da Violência. Nos últimos 10 anos nós assassinamos no Brasil 324.967 jovens. Sobre esses jovens aniquilamos literalmente as possibilidades de futuro. Fazendo um cálculo com médias, assassinamos 32.497 jovens por ano no Brasil, 2.708 jovens por mês e 90 jovens por dia. Ou seja, hoje o país irá assassinar aproximadamente 90 dos seus jovens. Vale a pena acessar o relatório do Atlas (http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=33410:atlas-da-violencia-2018&catid=406:relatorio-institucional&directory=1). Nele você irá verificar que esses assassinatos têm cara, cor, gênero e endereço.

Quando unimos esses dados com algumas informações apresentadas pelo MEC em março deste ano, verificamos que estamos construindo uma espécie de bomba relógio: segundo o MEC, 791 mil jovens foram reprovados ou abandonaram a escola da primeira para segunda série no final de 2016. Possivelmente parte desses jovens também não foram absolvidos pelo mercado e, mais grave ainda, parte deles já estão compondo a lista dos 90 assassinados em média por dia.

Vamos ter uma conversa aqui entre adultos e adultas: o que nós estamos fazendo? Que oportunidades estamos construindo para jovens e como os jovens conseguem experimentar a juventude, como uma oportunidade de intervenção efetiva na sociedade e como um passo importante da sua formação da vida adulta.

Numa outra ponta dessa preocupação convivemos com um número crescente de suicídios de jovens que estão nas escolas ou nas universidades.  Que mensagens ou apelos moram nesses fatos?

Olha, todos nós temos vários desafios cotidianos. Em alguns momentos ficar em pé na roda da vida já parece muito, mas precisamos escutar as mensagens do nosso tempo e essas mensagens não estão possivelmente entre as dezenas que você recebe no seu celular, ao menos não estão ali, objetivamente colocadas. Nós não podemos resolver, mas podemos fazer muita coisa.

Lembro-me de uma história do galo que acordava cedo, cantava e o sol nascia. Com o tempo ele passou a acreditar que o canto dele fazia o sol nascer. Num dia ele acabou acordando mais tarde e verificou que o sol já havia nascido. Uma grande decepção! Resolveu não cantar mais. Se o canto dele não fazia o sol nascer, não valeria a pena cantar. O galo depressivo, não queria fazer nada. Depois de muita terapia, alguma medicação, o galo foi se dando conta que o canto dele não fazia o sol nascer, mas ficava mais bonito quando o sol nascia ladeado pelo seu canto. Pois bem, nós não fazemos o sol nascer. Nós não podemos tudo, mas podemos muito. A juventude que mora dentro de cada um de nós e a juventude do nosso país merece nada menos do que o melhor de cada um de nós.

Abração e até a próxima Esquina.

Os piores cursos de Mestrado e Doutorado do Brasil

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Caros colegas, pensei em fazer um balanço do ano que se finda mas, na qualidade de professor, achei melhor compartilhar uma matéria muito séria na área de Educação / Capacitação, que trata da qualidade dos nossos mestrados e doutorados sintetizando que, se a nossa educação vai mal, todos os demais segmentos têm a tendencia de acompanhar essa “ladeira abaixo”.

No dia 24 de maio de 2017, publiquei nesse blog a matéria Como é feita a avaliação quadrienal da CAPES (https://blogdoprofessorfred.wordpress.com/2017/05/24/como-e-feita-a-avaliacao-quadrienal-da-capes/) e observem os resultados colhidos.

Seis programas de doutorado da Universidade de São Paulo (USP) receberam recomendação de descredenciamento do Conselho Técnico-Científico da Educação Superior (CTC-ES), de acordo com o resultado final da Avaliação Quadrienal 2017 da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior).

As notas das instituições acadêmicas para programas de pós-graduação Stricto sensu profissional e acadêmico sensu foram divulgadas nesta semana. Os índices variam de 1 a 7.  Notas 1 e 2 são insuficientes e resultam no descredenciamento do curso; nota 3 corresponde a desempenho médio, que apresenta padrões mínimos de qualidade; notas 4 e 5 significam um desempenho entre bom e muito bom. Cinco é a nota máxima para programas que possuem apenas curso de mestrado. Notas 6 e 7 indicam desempenho equivalente a padrões internacionais de excelência.

Os cursos avaliados com nota igual ou superior a “3” são recomendados pela CAPES ao reconhecimento (cursos novos) ou renovação do reconhecimento (cursos em funcionamento) pelo Conselho Nacional de Educação – CNE/MEC. Vale lembrar que só programas reconhecidos pelo CNE/MEC podem expedir diplomas de mestrado e/ou doutorado com validade nacional.

Da USP, os programas de doutorado que tiveram nota insuficiente são:  medicina/clínica cirúrgica (Medicina III), nutrição humana aplicada (Nutrição), história econômica (História), literatura e cultura russa (Letras/Linguística), estudos judaicos e árabes (Letras/Linguística) e estudos da tradução (Letras/Linguística).

Quatro cursos de doutorado da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) também foram mal avaliados e receberam índice insuficiente: economia política internacional (Ciência Política e Relações Internacionais), produtos bioativos e biociências (Farmácia), história das ciências e das técnicas e epistemologia (Interdisciplinar), Letras/letras clássicas (Letras/Linguística).

Também há programas de mestrado e doutorado de outras instituições renomadas como Universidade de Brasília (UNB), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) com recomendação de descredenciamento.

A lista completa está disponível no site da Capes. Confira na tabela os programas stricto sensu, ou seja, de mestrado e doutorado acadêmicos,  que tiveram as notas mais baixas.

A relação de notas está dividida de acordo com a modalidade dos programas – acadêmica ou profissional –, e organizada em planilhas por IES e por Área de Avaliação.

Resultado por IES – Programas Acadêmicos
Resultado por IES – Programas Profissionais
Resultado por Área de Avaliação – Programas Acadêmicos
Resultado por Área de Avaliação – Programas Profissionais

Os relatórios de avaliação, assim como o “Painel Dinâmico de Consulta” com dados gerais da Avaliação, também estão disponíveis no Hotsite.

As fichas de avaliação com os pareceres das áreas e do CTC-ES encontram-se disponíveis na Plataforma Sucupira para o público em geral.

Fonte: https://exame.abril.com.br/carreira/os-piores-cursos-de-mestrado-e-doutorado-do-brasil-usp-na-lista/ e http://www.capes.gov.br/sala-de-imprensa/noticias/8691-capes-divulga-resultado-final-da-avaliacao-quadrienal-2017

CONTROLE SOCIAL E TRANSPARÊNCIA – Como votou cada Deputado

transparencia

Com muita alegria replico o fruto de um projeto de pesquisa desenvolvido por um amigo (Paulo Carnicelli), onde diretamente, podemos acompanhar as atividades daqueles que votamos.

Você lembra em quem votou para deputado federal no processo eleitoral de 2014? Ele foi eleito ou não? Se sim, tem fiscalizado a atividade deste na Câmara dos Deputados? Geralmente ao depositar nosso voto na urna eletrônica pode parecer que nossa responsabilidade terminou naquele dia. A obrigatoriedade de escolher seu representante pelo “voto direto e secreto” foi feita e deixa-se por isso mesmo.

Com a crescente repercussão política que o país tem vivido nos anos pós eleições presidenciais, algumas atuações dos deputados eleitos tem tomado amplitude e visibilidade maior do que geralmente acompanhamos. Basta ver e lembrar das votações que tomaram o horário nobre da TV aberta sobre o encaminhamento do processo de impeachment de Dilma Rousseff e do prosseguimento da denúncia de corrupção passiva contra Michel Temer.

Em ambos os casos pudemos acompanhar em tempo real e fiscalizar aqueles que estão lá para representar seus eleitores. Passada toda esta exposição, alguns se perguntaram: como cada um dos parlamentares presentes votou nas diferentes situações? Pensamento e inquietação que motivou os integrantes do projeto “IF Transparente: Fomento à Participação Ativa do Sociedade” a buscar saber e expor tal encaminhamento.

A partir de informações de cada uma das votações, de 17 de abril de 2016 e 02 de agosto de 2017, elaboraram lista com nome de cada um dos deputados, o Estado que representam e os respectivos partidos a que são filiados e, na sequência, como cada um votou nos dois casos e compartilharam em sua página na rede facebook. Como é uma lista extensa (afinal, são 513 representantes eleitos em todos os Estados da Federação) há a possibilidade de se criar filtro para busca com mais precisão de cada uma das situações. Basta clicar em “Deputado” e, na sequência, selecionar o ícone de filtro na barra de ferramentas acima.

LINK PARA A PÁGINA DE IF TRANSPARENTE

LINK PARA A LISTA COMPARATIVA DOS VOTOS DE CADA UM DOS DEPUTADOS FEDERAIS

Entende-se que esta atividade e a correlação entre as votações é uma parcela pequeníssima do controle social, que deve ser exercido frequentemente por cada eleitor com ou sem representante eleito na Câmara, culminando assim em uma possibilidade maior de voto consciente. Como dica para potencializar este controle social e fiscalização, os coordenadores e bolsistas da página indica, ainda, a plataforma “Quem me Representa?“, que lita como cada um dos Deputados Federais vota nos principais temas apresentados na Câmara.

Sentença Final – Leitura obrigatória para todas as eleições!

Justiça federal

Transcrevo aqui a sentença final proferida pelo Dr. Friedmann Anderson Wendpap, Juiz Federal da 1a. Vara Federal de Curitiba quanto ao Processo Eleitoral do IFPR – Instituto Federal do Paraná.

Esse documento é um referencial para TODOS os que desejam entender de processo eleitoral, principalmente as Instituições Públicas de Ensino.

Entendo que todo o processo eleitoral existente dentro da Academia, a partir de hoje, deve se debruçar sobre esse material e seguir os ricos ensinamentos apresentados em sua sentença final publicada no dia 02/06/17 às 14:37:00.

A leitura da sentença como um todo é um lavar da alma nesse momento pelo qual o país passa e, no fundo do coração ainda acreditar: Ainda existe esperança!

 


AUTOR: FREDERICO FONSECA DA SILVA
RÉU: UNIÃO – ADVOCACIA GERAL DA UNIÃO
RÉU: EZEQUIEL WESTPHAL
RÉU: INSTITUTO FEDERAL DO PARANÁ

SENTENÇA

1. Trata-se de ação ordinária em que FREDERICO FONSECA DA SILVA pleiteia a nulidade do processo eleitoral do IFPR para o quadriênio 2015/2019 e em caráter sucessivo, sejam declarados nulos os votos oriundos dos campi Capanema, Barracão, Palmas e Avançado Coronel Vivida. Em sede liminar requer (i) a imediata suspensão dos efeitos da homologação dos resultados do processo eleitoral IFPR-2015, impedindo assim que os réus promovam a assunção ao cargo de reitor do candidato Ezequiel Westphal; (ii) determinar a imediata deflagração de novo processo eleitoral; (iii) determinar ao Ministério da Educação que nomeie reitor pro tempore para conduzir a instituição enquanto ocorre o processo eleitoral. Ainda, requer a participação do Ministério Público Federal.

Relata que foi candidato (de oposição) ao cargo de Reitor do IFPR para o quadriênio 2015/2019, porém o vencedor foi o candidato oficial, Professor Ezequias Westphal, atual (ao tempo da exordial) Reitor substituto.

Alega que essa vitória ocorreu em razão de inúmeras ilegalidades por parte do candidato eleito que, segundo o autor, teria utilizado a máquina pública em prol dos interesse pessoais, em ato de demonstração de poder do grupo político que tomou a Reitoria de assalto nos últimos anos.

Narra como o Dr Ezequiel Westphal veio a ocupar o cargo de Reitor interino do instituto, alegando a nulidade do processo eleitoral em razão da ofensa ao princípio da impessoalidade, uma vez que o próprio Reitor/candidato (i) nomeou livremente os membros da Comissão Deflagradora; (ii) determinou o cronograma eleitoral, fixando as eleições para 07/05/2015; e, (iii) estipulou que as limitações de cronograma eleitoral não poderiam ser revistas nem mesmo pela Comissão Eleitoral Central.

Assevera que o Dr. Westphal estava eticamente impedido para atuar no processo de consulta em razão do conflito de interesses, nos moldes dos arts. 18 e 19 da Lei 9.784/99.

Alega a prejudicialidade da fixação de prazo eleitoral muito inferior ao permitido pela legislação (90 dias) pelo próprio candidato de situação, defendendo que o calendário, ao limitar à apenas seis úteis o prazo de campanha, impossibilitou que o autor percorresse os 24 câmpus da instituição no Paraná, fazendo o seu nome conhecido. Ressalta que outro candidato, utilizando-se do cargo, fez campanha fora do referido período por meio de visitas oficiais.

Traz aos autos comparativo com os prazos de campanha nas eleições dos Institutos Federais dos outros estados.

Aponta outras nulidades, como o indeferimento, sem justificativa plausível, de inscrição para Fiscal no Campus Palmas, que culminou na realização da votação na localidade sem qualquer fiscalização por parte do autor/candidato; o encerramento da votação nos Campi Barracão e Capanema antes do prazo previsto no regulamento; a desconsideração em bloco das urnas do Ensino à Distância – EAD.

Destaca a efetiva irrecorribilidade dos resultados e decisões do processo eleitoral, com negativa de fornecimento dos documentos essenciais à formulação de eventual recurso.

Aduz que a metologia de cálculos para classificação final dos candidatos adotada pelo edital de regulamento eleitoral é diferente do sistema da Lei 11.892/2008 e Decreto 6.986/2009, concedendo maior peso para os votos dos alunos.

A decisão do evento 4 deferiu medida cautelar para suspensão dos efeitos do ato de homologação do resultado do processo eleitoral, decisão essa que não foi reformada em sede recursal.

O réu Ezequiel Westphal apresentou contestação no evento 36. Alega que a Comissão Eleitoral Central só é formada após a deflagração do processo eleitoral, que deve ser feita pelo Conselho Superior, o qual é apenas presidido pelo Reitor do IFPR. Argumenta que o calendário das eleições de modo algum prejudicou ou favoreceu qualquer dos candidatos. Sustenta a ausência de irregularidade na votação do Campus Palmas. Aduz que o fechamento das urnas antes do horários nos campus Barracão e Capanema não geraram prejuízo, pois os eleitores faltantes não iriam comparecer de qualquer forma e, da mesma maneira, a contabilização das urnas dos campus de ensino à distância não iria modificar o resultado da eleição. Alega a inexistência de irregularidade quanto ao prazo de recurso e que o critério de valoração dos votos foi o requerido pelo autor, bem como que a eleição é exclusivamente consultiva, sendo que a nomeação do reitor é ato discricionário do Presidente da República.

O IFPR apresentou contestação no evento 37. Em preliminar defende os limites da lide ao interesse jurídico individual, de modo que o pedido de anulação do processo de consulta não beneficia diretamente o autor. Argumenta que não há lei que preveja a vedação da participação de candidato no Conselho Superior quando da convocação da Comissão Central e que o calendário foi estabelecido pela Comissão Central e não pelo candidato à reeleição, sendo que o calendário não colocou os candidatos em situação desigual. Pondera que indeferimento da inscrição da fiscal Carmem Waldow não interferiu do processo de votação do campus Palmas e Coronel Vivida, e que a restrição de horário de votação nos campi Barracão e Capanema não modificam o resultado final da votação local. Arguiu que o autor pretende a modificação das regras do jogo em relação aos requisitos para a votação dos alunos EAD e do direito de recorrer.

A União apresentou contestação no evento 41, em síntese, reiterando os termos da contestação do IFPR.

O autor apresentou réplica no evento 47.

O IFPR, a União e professor Ezequiel manifestaram-se pela desnecessidade de produção de provas (eventos 55, 57 e 60).

O autor requereu a produção de prova testemunhal, pericial de cálculo de grafotécnica e exibição das cédulas de votação (evento 72).

A decisão saneadora do evento 75 estabeleceu os pontos controvertidos quanto à execução dos processo de eleição e orientou a produção das provas.

No evento 99 a parte autora informou o descumprimento da ordem cautelar, com exercício dos atribuições de reitor pelo réu Ezequiel Westphal.

O réu apresentou justificativa para a sua posse como linha sucessória conforme Portaria 1340/2015.

A decisão do evento 102 acolheu o pedido do autor e determinou o imediato afastamento do réu da função de Reitor, com a fixação de astreinte em desfavor do IFPR.

O autor arrolou testemunhas no evento 109 e o réu no evento 112. Audiência realizada no dia 03/10/2016 (eventos 193/194)

Alegações finais apresentadas nos eventos 218/221.

É o relatório

2. Decido.

A principal tese de defesa da parte ré é no sentido de que as irregularidades apontadas pelo autor não teriam gerado prejuízo efetivo ao processo eleitoral.

Entretanto a premissa em que a tese de defesa se funda é falsa, pois o sucesso ou invalidade de um processo eleitoral não é verificado pela efetiva prejudicialidade de eventos pontuais no resultado final, e sim pela lisura em todos os atos formadores do processo. Os meios no processo democrático são fundamentais. A ética exige postura ortodoxa, não heterodoxa, isto é, “jeitinho”.

O processo em sí é importante para a democracia; a democracia é o próprio processo de debate de ideias, colocação dos fatos e projetos, exposição das figuras públicas que desejam obter o privilégio de servir a comunidade que pretendem representar.

A legitimação do candidato eleito depende da lisura nessa etapa do processo político, de modo que a presença de ruídos constantes nesse período retiram a credibilidade do sistema, e por consequência, degrada a democracia.

Essa importância da lealdade do processo de consulta, Mutatis mutandis, pode ser equiparada à elaboração da nossa Constituição de 1988:

61. O princípio popular teve importante papel na sua elaboração. Nela, num certo sentido, encontramos a prova de que o procedimento constituinte será compatível como poder popular se se efetivar com fidelidade a um princípio de justiça do resultado, porque, como vimos antes citando Canotilho, a justiça da constituição depende do procedimento seguido em sua feitura.  (SILVA, José Afonso. Poder Constituinte e poder popular: estudos sobre a constituição. São Paulo: malheiros, 2002, p. 111) (destacou-se)

Por esses conceitos intrínsecos a processo verdadeiramente democrático, o estabelecimento das regras do jogo deve ser por colegiado de todos os candidatos que participarão do pleito ou por colegiado do qual nenhum candidato participe. A presença de apenas um dos candidatos no órgão legislativo, mesmo que a opinião não seja teoricamente vinculativa, já resulta em desequilíbrio, que ilegitima todo o processo.

A lei e o regulamento que permitem que o reitor candidato à reeleição deflagre o processo de consulta e participe da tomada de decisões de como o processo deverá decorrer são inconstitucionais, pois contrários ao pilar da democracia, evidenciado pela faceta da impessoalidade. Repito, não é porque em outros Entes da Federação ocorre a participação do reitor candidato à reeleição na deflagração e fixação das regras que a situação é constitucional e merece ser convalidada. Non omne quod licet honestum est. O nivelamento por baixo não transmuta a imoralidade em moralidade. O conflito de interesses e a mácula à equidade remanescem, ainda que mil eleições com essa nódoa sejam realizadas.

Ninguém nasce democrático como imaginava Rousseau, o protótipo do Pangloss de Voltaire. A rigor, “todo sistema altruísta é inerentemente instável, pois se expõe ao abuso por parte dos indivíduos egoístas, sempre prontos a explorá-los”.1A democracia existe porque o mundo é hobbesiano. Os anjos não precisam de governo. A sofisticação do sistema democrático representativo foge aos instintos; está fora da compreensão empírica. Exige instrução, treinamento e resultados positivos para os participantes. Sem benefícios claros para todos, especialmente a construção de oportunidades iguais para acesso às alavancas de poder, as pessoas se sentem usadas para que tiranos se apresentem com verniz de legitimação democrática.

A raison d’être da consulta à comunidade acadêmica para formar a lista a ser levada a autoridade nomeante é, por meio da eleição e do resultado da gestão, ensinar os participantes sobre todos os aspectos da democracia. Desde a escolha dos nomes, até os resultados gerenciais obtidos. Do micro-cosmo do Instituto Federal, expandir a experiência à política geral, na qual existe baixíssima aferição dos resultados éticos, institucionais, econômicos, decorrentes da vitória.

A accountability (controlabilidade em português não muito castiço) possível no pequeno âmbito da escola deve extrapolar para a política geral pelas atitudes das pessoas com formação superior. Financiadas que foram pelos milhões de trabalhadores que não alcançaram tal distinção, delas espera-se capacidade de compreensão da complexidade da política e discernimento para melhorar as condições gerais.

A expectativa do povo que paga tributos para financiar o ensino superior é que a honestidade (impessoalidade, moralidade, eficiência) do micro-cosmo acadêmico limpe a política geral. Gotas de água limpa com grande potência de desinfecção. Ninguém deseja que as nódoas da política geral tisnem a atividade política intra-muros da academia. Da escola, espera-se albor, não breu. Se a eleição na escola repete as mazelas da política geral, qual a razão para fazê-la?

O reitor candidato, por obediência a alma do processo democrático, deve se abster de exercer funções públicas incompatíveis com o seu interesse pessoal, repassando para o sucessor natural essas atribuições em especial. Essa é a postura ética e constitucional exigível do réu na situação em se colocou e de todos os outros reitores que, sendo candidatos à reeleição, participaram ativamente da elaboração das regras do jogo.

A clara ruptura da ordem democrática desde o início do processo eleitoral faz presumir o prejuízo nos debates que deveriam ter ocorrido na academia sobre quais os rumos deveriam seguir e, logicamente, no resultado. Reitere-se, é irrelevante se nos campus ‘x’ ou ‘y’ em que houve a irregularidade eventuais “votos perdidos” tivesse sido direcionados ao candidato vencedor, pois não é o resultado final o mais importante. Os meios importam. Meios imorais contaminam os fins.

Desta forma, a prejudicialidade dos pontos controvertidos i, iv, e v (saneador evento 75) é presumida, e a resposta para o item ii é negativa, de modo que imperiosa a procedência do pedido inicial para declarar a nulidade do processo eleitoral realizado no IFPR para o quadriênio 2015/2019.

Outras deturpações ocorridas durante o processo eleitoral igualmente demonstram que ele não foi legitimo/democrático.

O relato do ocorrido na propaganda eleitoral dos dois candidatos no campus de Palmas demonstra como foi dado tratamento diferenciado, com maior exposição do reitor Ezequiel, e restrição da fala do autor, pela própria comissão eleitoral. A impessoalidade rege a administração pública; é decorrência lógica do princípio republicano e democrático, e se não fosse suficiente está prevista expressamente no caput do art. 37 da Constituição Federal.

Marçal Justen Filho conceitua esse caro princípio como essencial para impedir tratamento vantajoso ou prejudicial:

4.6. A Impessoalidade

A impessoalidade pe uma faceta da isonomia, tomando em vista especificamente a aplicação da lei pelo Estado. Todos são iguais perante o Estado, o que não impede discriminações contempladas na norma constitucional ou legal. Onde a norma legal não discriminou, é vedado introduzir inovações diferenciadoras.

A impessoalidade não afasta a exigência de tratamento igualitário para os iguais e não igualitário para os desiguais. Não case essencialmente Às normas legais consagrar as discriminações. O conteúdo essencial do princípio reside em impedir que algum sujeito receba tratamento mais vantajoso ou prejudicial do que o reservado par ao conjunto da população. Ninguém pode ser dispensado de encargo ou receber vantagens em virtude de haver conquistado a simpatia ou ser destinatário da antipatia do agente estatal

(JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de direito administrativo. 12 ed. São Paulo, Revista dos Tribunais, 2016, p. 64)

A utilização da máquina do IFPR na condição de reitor para autopromoção em período próximo ao do processo da eleição, resta configurada no evento da posse de servidores no Campus Colombo, haja vista que o deslocamento do reitor para esse tipo de ato não era usual. Adende-se a forma ostensiva como o réu utilizou do pronunciamento oficial no programa EAD (evento 202), para exposição da sua figura, apresentação do currículo e dos projetos. Merece destaque de que não foi aberto espaço semelhante para o candidato concorrente.

Nesse tópico do uso do EAD para pronunciamento oficial, vale observar que o “cérebro humano … não pode fazer mais do que uma ou duas coisas ao mesmo tempo. Se um meme dominar a atenção de um cérebro humano, tem de fazê-lo à custa dos memes “rivais”.2 “Quando planta um meme fértil na minha mente, você literalmente parasita o meu cérebro, transformando-o num veículo de propagação do meme, da mesma maneira que um vírus pode parasitar o mecanismo genético de uma célula hospedeira”.3

A igualdade dos meios na competição eleitoral é conditio sine qua para propiciar aos eleitores a liberdade de escolha. O uso desigual dos meios de acesso a atenção e memória do eleitor atenta contra essa liberdade; transforma o eleitor num ente cativo de quem detém o controle sobre as vias que conduzem ao cérebro e à decisão de voto. Ao inibir/restringir a pluralidade de ideias que chegam à mente do eleitor, comete-se ofensa contra quem se pede voto, se pede confiança.

A dignidade humana do eleitor é respeitada quando se propicia a ele a pluralidade/qualidade informacional hábil a julgamento consciente. Considerado como humano, não como hospedeiro de ideia parasita. O punctum saliens é o art. 21 da Declaração Universal dos Direitos Humanos.

O indeferimento da fiscal Carmem Waldow no campus Palmas é desprovido de lógica. A testemunha Sanderson afirma que indeferiu o pedido de registro da senhora Carmem porque o outro candidato não possuía fiscal. Ora, se a indicação de fiscal é faculdade dos candidatos, não há sentido em proibir o exercício da faculdade de um candidato porque o outro decidiu não utilizar da prerrogativa. Assim, o que ocorreu foi a proibição de fiscalização por parte da campanha do autor, pouco importando que houvesse coincidência de preferência política com a fiscal da campanha local. A decisão defenestra os conceitos básicos dos modais deônticos da permissão, proibição e obrigação.

A proibição de exercício da faculdade de fiscalização por parte da campanha do autor, dada a necessidade de plena transparência no processo democrático, resulta na presunção de inidoneidade da votação lá ocorrida.

3. Diante do exposto, confirmo a medida cautelar, e julgo procedente o pedido inicial, nos termos do art. 487, I do CPC, para fins de declarar a nulidade do processo eleitoral realizado no IFPR para o quadriênio 2015/2019.

Condeno cada um dos réus ao pagamento de honorários de sucumbência em favor do procurador do autor os quais fixo em R$ 10.000,00 (dez mil reais), considerando o disposto no §8º do art. 85 do CPC.

Forte no art. 491 do Código de Processo Civil, o valor deverá ser atualizado a contar da data do arbitramento pelo IPCA-E mensal. Os juros incidirão a partir do trânsito em julgado da presente decisão (§16 do art.85 do CPC) e serão fixados à taxa de 1% ao mês (art.406 do CC c/c art.161 do CTN). Deixo de aplicar a taxa SELIC (prevista no Manual de Cálculos do Conselho da Justiça Federal), tendo em vista que: “a utilização da taxa Selic como índice de apuração dos juros legais não é juridicamente segura, porque impede o prévio conhecimento dos juros; não é operacional, porque seu uso será inviável sempre que se calcularem somente juros ou somente correção monetária [….]” (Enunciado 20 da 1ª Jornada de Direito Civil do Conselho da Justiça Federal).

Condeno a parte ré à restituição das custas adiantes na proporção de um terço para cada.

Na forma do art. 40 do CPP, vista ao MPF, para verificação de eventual conduta típica na seara penal e improbidade administrativa.

Sentença registrada eletronicamente e publicada com a disponibilização no sistema. Intimem-se as partes.

Apresentada apelação, intime-se a parte contrária para contrarrazões, e decorrido o prazo legal, remetam-se os autos ao TRF/4ª Região.

Oportunamente, arquivem-se.

EXTRA, EXTRA, EXTRA: Da escola, espera-se luz, não sombra! Manifesto público para a comunidade acadêmica

Foram mais de dois anos de paciência e o texto de hoje no blog é o mais esperado desde maio de 2015.

Explico, rememoro e compartilho: em 2015, o IFPR passou por um processo de eleição para escolha do Reitor no período de 2015 a 2019. Em junho daquele ano, por ordem da Justiça Federal do Paraná, a homologação do resultado do processo eleitoral IFPR foi suspensa em caráter liminar, em face das diversas irregularidades que macularam o processo como um todo e que foram fartamente denunciadas por meio deste blog.

Alguns links, entre dezenas deles, que tratam do assunto:

Passados pouco mais de dois anos, na data de hoje, 30/05/2017, a Justiça Federal do Paraná, por meio do juiz Friedmann Anderson Wendpap, da 1º Vara Federal do Paraná, julgou pela nulidade do processo eleitoral realizado pelo IFPR. Em suma, a sentença é um verdadeiro banho de democracia naqueles que tentaram, em vão, fazer prevalecer sua vontade sobre a vontade da maioria da comunidade do IFPR.

A sentença do juiz destaca aquilo que sempre repetimos e defendemos: o sucesso ou invalidade de um processo eleitoral não é verificado pela efetiva prejudicialidade de eventos pontuais no resultado final, e sim pela lisura em todos os atos formadores do processo. Os meios nos processos democráticos são fundamentais. A ética exige postura ortodoxa, não heterodoxa, isto é, jeitinho”. Apenas para que conste, a outra parte na ação defendia que as irregularidades não teriam gerado prejuízo efetivo ao processo eleitoral.

Durante todo este tempo, permanecemos firmes no propósito de aguardar a decisão judicial com a certeza de vitória. Por diversas vezes fomos acusados de tumultuar a Instituição, não saber perder e até nos imputando a culpa pelos problemas do IFPR.

O tempo, senhor do destino, não tardou em nos dar razão!

Com a decisão, esperamos que no devido tempo o IFPR consiga promover eleições justas, em que os candidatos tenham condições de prover um amplo debate e que a comunidade escolha livremente o candidato que apresentar as melhores propostas para a Instituição. Conforme a sentença: a expectativa popular é que a honestidade do micro-cosmo acadêmico ilumine a política geral. Gotas de água limpa com grande potência de desinfecção. Ninguém imagina que as nódoas da política geral tisnarão a atividade política intra-muros da academia. Da escola, espera-se luz, não sombra.

Nosso desejo por mudanças segue vivo e forte: #mudaIFPR. Hoje é dia de comemorar porque a democracia ganhou!

Mais de 100.000 acessos (ou #100.000)

Esse é um momento ímpar que eu gostaria de compartilhar com todos vocês. Aliás, os méritos são todos vossos.

100-000

Esse Blog foi criado em março de 2015 e, em janeiro de 2017, com apenas 1 ano e 10 meses, conseguimos a expressiva marca de 100.000 acessos. Alguns duvidaram, poucos debocharam; e muitos, mas muitos, apoiaram.

Um Blog que se prontifica a compartilhar notícias que agreguem o processo formativo nas áreas, basicamente, de educação e pesquisa; sem venda de espaços para fins lucrativos, deixando o leitor livre apenas para ler e não se influenciar por propagandas; sem robô para disparar e-mails. Todos os e-mails que você recebem são enviados apenas por mim; e, usando uma ferramenta gratuita.

Observamos que, com o passar dos anos, esse Blog vem se internacionalizando. Pessoas de vários outros países começam a acessá-lo. O que é bom e vem dando credibilidade.

Em 2015, decorrente do processo para reitor (amplamente exposto e discutido aqui), tivemos 50.284 acessos, sendo 48.026 daqui do Brasil. O acesso estrangeiro representou apenas 4,49% (vide Tabela abaixo com todos os países que acessaram o Blog). Tomando como projeção o mês de janeiro de 2017, verificamos que 12,11% dos acessos são do exterior e apenas os Estados Unidos é responsável por quase 10% dos acessos agora em 2017.

Em 2015, fizemos 196 publicações; Em 2016, 107. Agora, para 2017, pensamos que compartilhar de 2 a 3 publicações por semana, seja o ideal, para que todos possam reservar um pouco do cada vez mais raro tempo, sem sobrecarregar ninguém. Tempo para leitura e reflexão!

Esse Blog é vosso! Sintam-se livres para compartilharem as matérias. Fazer comentários e críticas é sempre bom, ajuda a amadurecer nessa caminhada. Recomendem matérias para divulgações de eventos técnicos-científicos.

Recebam todos o meu sincero agradecimento e parabéns!

Países 2.015 2.016
Brasil 48.026 45.485
Estados Unidos 768 1.651
Portugal 140 101
Espanha 69 55
Canadá 59 84
Alemanha 30 42
Reino Unido 20 47
França 17 37
Itália 15 39
Holanda 14 19
Argentina 12 35
Bolívia 12 0
México 11 17
Suíça 10 6
Noruega 9 6
Haiti 9 9
Moçambique 6 15
Austrália 6 10
Finlândia 5 6
Colômbia 5 17
Irlanda 4 15
Chile 4 16
Peru 4 3
Uruguai 4 11
Japão 3 8
União Europeia 3 3
Rep. dos Camarões 2 0
China 2 0
Suécia 2 6
África do Sul 2 7
Coreia do Sul 2 3
Israel 2 29
Tailândia 1 3
Arábia Saudita 1 0
Equador 1 2
Romênia 1 0
Angola 1 6
Luxemburgo 1 0
Polônia 1 6
República Dominicana 1 0
Índia 1 2
Burquina Faso 1 0
Taiwan 0 9
Hong Kong 0 4
Russia 0 14
Nova Zelândia 0 8
Malásia 0 3
Paraguai 0 13
El Salvador 0 3
Croácia 0 2
Costa Rica 0 2
Áustria 0 2
Hungria 0 2
Geórgia 0 2
Grécia 0 1
Tanzânia 0 1
Bélgica 0 1
Guiana Francesa 0 1
Timor-Leste 0 1
Moldávia 0 1
Indonésia 0 1
Venezuela 0 1
Etiópia 0 1
Eslovênia 0 1
Bielorrússia 0 1
Armênia 0 1
Catar 0 1
Guiné-Bissau 0 1
Panamá 0 1
Islândia 0 1
Bahrein 0 1
Chipre 0 1