Governo da Austrália anuncia bolsas de estudo para brasileiros

Austrália

Destination Australia Program oferece bolsas que contemplam desde o ensino técnico profissionalizante, até cursos de bacharelado, mestrado e doutorado.

Viver na Austrália deve ser incrível, né? Seria ainda melhor se você tivesse a chance de ir com um apoio financeiro para estudar. É por isso que o governo da Austrália anunciou, por meio de seu Departamento da Educação, a criação do Destination Australia Program.

A iniciativa concede bolsas de estudos voltadas aos públicos nacional e internacional. Ao todo, são 35 universidades e instituições de ensino técnico profissional vinculadas, que compartilharão suas rotinas acadêmicas e receberão os bolsistas selecionados a partir do próximo ano.

Os brasileiros que têm interesse em participar podem se candidatar às bolsas. Para isso, é necessário procurar diretamente as instituições de ensino participantes. Cada unidade educacional é responsável em determinar as suas regras para a seleção dos candidatos e as formas de administração das bolsas.

A lista das entidades envolvidas está disponível no site do Departamento de Educação. De acordo com o governo australiano, o país possui 25.604 alunos brasileiros residentes, sendo o Brasil, o 4º maior mercado na Austrália em número de matrículas, principalmente em cursos de inglês e profissionalizantes.

As melhores cidades para estudar na Austrália

Para o Conselheiro de Educação da Embaixada da Austrália, Mathew Johnston, o Destination Australia Program se destaca pelas vivências que oferecerá a públicos distintos. “Além do contato com o universo cultural e educacional do país, o interessado poderá ter acesso a novas oportunidades de emprego, e participará ativamente da produção do conhecimento científico da Austrália, que envolve, principalmente, as áreas de agricultura, ciência marinha e medicina tropical”.

Benefícios da bolsa de estudos

Aos selecionados, o programa oferecerá uma bolsa anual no valor aproximado de R$ 42.900 (AU$15.000, em dólar australiano). Esta quantia poderá ser usada na gestão da mensalidade do curso, acomodação, alimentação, e outros custos de vida. O programa oferece bolsas que contemplam desde o ensino técnico profissionalizante, até cursos de bacharelado, mestrado e doutorado.

Austrália é o terceiro maior destino para estudantes no exterior, por conta da qualidade educacional e das suas possibilidades de empregabilidade. “Criamos o Destination Australia Program para aproximar organizações australianas da população internacional, gerando assim, uma rede de conhecimento plural. O nosso objetivo é destacar as instituições de ensino que se encontram em áreas mais regionais e remotas da Austrália, para que elas possam difundir suas produções acadêmicas globalmente”, detalha Johnson.

Para saber mais informações sobre o projeto, acesse a página oficial do Destination Australia Program. 

Fonte: https://catracalivre.com.br/educacao/australia-bolsas-de-estudo-para-brasileiros/

Programa USP Cidades Globais abre chamada para pesquisadores

cidades globais

Agência FAPESP – O Programa USP Cidades Globais, promovido no Instituto de Estudos Avançados (IEA) da Universidade de São Paulo (USP), está com chamada pública para pesquisadores de pós-doutorado e colaboradores. As inscrições vão até dia 22 de novembro de 2019.

Com o objetivo de propor soluções que promovam a qualidade de vida nas cidades, o programa busca pesquisadores que considerem as complexidades dos grandes centros urbanos com uma perspectiva inter e transdisciplinar em seus trabalhos.

A iniciativa possibilita que o pesquisador participe de grupos nacionais e estrangeiros voltados às questões urbanas, integrando redes de estudos e pesquisas no exterior.

São oferecidas duas modalidades para os interessados: Programa de Pós-Doutorado na USP e Programa Pesquisador Colaborador. O primeiro é voltado a portadores de título de doutor com duração de seis meses a dois anos, podendo haver renovações, com carga horária mínima de 20 horas semanais.

Já o Programa Pesquisador Colaborador é realizado por pesquisadores externos, vinculados ou não a outras instituições de ensino e pesquisa, com título de doutor de qualquer instituição, nacional ou estrangeira. O pedido de participação deve ser formulado por um docente da USP e submetido à Comissão de Pesquisa do IEA. A carga horária mínima de dedicação é de 12 horas semanais e, a máxima, de 20.

Ambas as modalidades podem ser desenvolvidas com ou sem bolsa. Caberá ao interessado submeter, quando for o caso, a solicitação de bolsa às agências de fomento.

As inscrições devem ser feitas pelos sites do IEA: https://bit.ly/34TWk91 e https://bit.ly/2q3qp71.

Mais informações em: http://www.iea.usp.br/noticias/cidades-globais-chamada-pesquisadores.

Fonte: http://agencia.fapesp.br/programa-usp-cidades-globais-abre-chamada-para-pesquisadores/31942/

Bolsa de Doutorado no CANADÁ: CAPES seleciona até dez projetos de pesquisa em parceria com Canadá

canadá

Foi publicado no Diário Oficial da União (DOU) desta sexta-feira, 27, o Edital nº 21/2019 que trata sobre o Programa CAPES-DFATD entre Brasil e Canadá. Serão selecionados até dez projetos conjuntos de pesquisa, em diversas áreas do conhecimento.

Com um aporte anual de R$ 2.299.735,00, o Programa concederá até três bolsas, por ano, por projeto. Nesse intervalo de doze meses, cada projeto aprovado receberá até R$ R$ 229.973,50. Serão R$ 70.350,00 para custeio de missões de trabalho, R$ 10 mil para os recursos de manutenção de projeto e R$ R$ 149.623,50 para bolsas. O apoio financeiro será repassado ao longo da vigência do projeto.

O objetivo do Programa é fortalecer a cooperação entre as instituições de ensino superior (IES) e de pesquisa do Brasil e do Canadá, fomentar o intercâmbio científico entre grupos de pesquisa e desenvolvimento dos dois países e a mobilidade de professores e estudantes de pós-graduação no nível de doutorado.

Critérios
Para participar do processo seletivo é preciso estar matriculado no programa de pós-graduação da instituição principal ou associada brasileira participante do projeto, retornar ao Brasil no mínimo seis meses antes da defesa da tese e comprovar o nível de proficiência em língua estrangeira que está especificado no edital. As inscrições vão até 13 de novembro.

Fonte: https://capes.gov.br/36-noticias/9865-aberta-selecao-para-bolsas-de-doutorado-no-canada

A carta de uma orientadora – Dear New PhD Student – a letter from your supervisor

To read in English, please type: Dear New PhD Student – a letter from your supervisor or acess: https://anniebruton.wordpress.com/2013/09/21/dear-new-phd-student/

Adoro compartilhar matérias que agreguem conhecimento  ou alimente a alma com a sensibilidade humana. No dia 20 de outubro de 2018 publiquei a matéria Querida garota do maiô verde (https://blogdoprofessorfred.wordpress.com/2018/10/20/querida-garota-do-maio-verde-o-texto-que-viralizou-no-verao-europeu/). Hoje venho trazer essa pérola!

Caro novo aluno de doutorado,

Este é um momento emocionante para você, enquanto embarca em sua jornada em direção ao doutorado. Como sua orientadora, achei que deveria escrever para recebê-lo e dar-lhe algumas dicas úteis que podem nos ajudar a sobreviver intacta a essa viagem de descoberta. Nós dois temos muito a aprender. Embora tenhamos trocado e-mails, não nos conhecemos bem. Eu sinto que desde o início  temos que mostrar o que há de bom em nós e esconder os loucos. Nos próximos três anos, esse equilíbrio mudará, à medida que cada um de nós revelará nosso verdadeiro eu.

Meu papel é guiá-lo pelo campo minado que é o processo de pesquisa moderno. Você aprenderá como identificar lacunas no conhecimento, revisar criticamente a literatura, colocar questões de pesquisa úteis, elaborar hipóteses testáveis, adquirir as aprovações éticas necessárias, coletar e analisar dados e assim por diante.

Mas lembre-se que eu não sou sua irmã, nem sua mãe, nem eu sou sua conselheira – eu também não sou sua amiga. Alguns orientadores se socializam regularmente com seus alunos. Eu não posso. Eu realmente não estou interessada nos assuntos da sua vida. Eu entendo que os eventos da vida terão impacto no seu trabalho, e eu serei muito compreensiva e falarei através de soluções práticas. Mas eu não sou seu apoio emocional – é para isso que a família e os amigos de verdade são.

No início desta jornada, darei liderança e instrução. Mas um PhD é um processo em evolução para a independência como pesquisador, então, no final, você estará no controle das supervisões e estará me dizendo o que precisa de mim. Estarei muito feliz em ver isso acontecer. É como deveria ser.

Você não precisa ser um gênio para fazer um doutorado. Certamente ajuda se você for brilhante, mas algumas pessoas surpreendentemente não tão inteligentes conseguem passar. A principal característica que você precisa é uma atitude de ‘nunca desista’ e a disposição de absorver todos os problemas que surgirem em seu caminho (e eles o farão), e encontrar soluções para eles.

Mas nem todo mundo que obtém um PhD torna-se professor – portanto, é crucial que você aproveite ao máximo as oportunidades para adquirir outras habilidades transferíveis que serão úteis em campos não acadêmicos.

É improvável que sua pesquisa de doutorado mude o mundo. Lamento dar más notícias, mas aí está. Para a maioria das pessoas, a pesquisa de doutorado é o veículo que eles usam para demonstrar que possuem as habilidades e habilidades necessárias para serem levadas a sério como pesquisador. Se você pode mudar o mundo também, então isso é um bônus. Mas não espere isso.

Nem todo mundo que embarca em um PhD vai passar triunfante. Eu posso (e vou) dar-lhe o meu melhor conselho em todos os momentos, mas eu não sou responsável pela sua tese final – você é.

Apesar de começarmos, comigo à sua frente, no final seremos iguais e em algumas áreas você será superior a mim. Isto também é como deve ser. Por um breve e brilhante momento, você deve ser o especialista mundial em uma pequena área do tópico que você escolheu estudar.

Eu não recebo nenhuma recompensa específica ou ganho financeiro pelo prazer de supervisionar você – então, sim, eu espero que meu nome seja publicado em qualquer artigo que possa surgir de seus dados. Se não aparecerem documentos publicáveis, ficarei francamente desapontada.

Eu quase posso garantir que em algum momento durante o seu programa de 3 anos você vai experimentar algum tipo de crise pessoal (doença, luto, problemas de relacionamento e assim por diante). E, se você escapar deles, então sua pesquisa será atormentada por algum grande drama (falha de equipamento vital, colapso, e o desaparecimento repentino do planeta).

Mais uma vez, serei compreensiva e prática. O tempo limite é sempre uma opção para parar o relógio. Mas, seu examinador final não se importará com seus problemas. Você é julgado pelo que você produz e como você defende isso – não em quanto esforço você levou para superar os obstáculos da vida para chegar lá. Então, agora você está sentado confortavelmente?  Vamos começar.

Boa sorte – e que sua jornada seja frutífera

Sua orientadora!

Fonte: https://www.tudosobreposgraduacao.com/post/a-carta-de-uma-orientadora?fbclid=IwAR3ekCdrtOAdWodKA_lE-I-apnBJC0BoVKXPp5mLHdEeLY_8Wja7EEgxufw

Bolsas, Bolsas e mais Bolsas de Estudo para vários lugares agora para 2019

Recebi essa mensagem de uma professora da UnB (Universidade de Brasília) da qual compartilho imediatamente. Sei que para alguns os prazos estão curtos mas vale a pena “correr”.

📍ONU oferece bolsa para curso em direito internacional no Chile
🗓 Inscrições até 18 de janeiro
https://partiuintercambio.org/bolsas-de-estudo/onu-oferece-bolsa-para-curso-em-direito-internacional-no-chile/

📍AFS oferece bolsas parciais para trabalho voluntário no Exterior
🗓 Inscrições até 20 de janeiro
https://partiuintercambio.org/bolsas-de-estudo/afs-oferece-bolsas-para-trabalho-voluntario-no-exterior/

📍Bolsa para mestrado em cultura europeia na Itália, França e outros países
🗓 Inscrições até 20 de janeiro
https://partiuintercambio.org/bolsas-de-estudo/bolsa-para-mestrado-em-cultura-europeia-na-italia-franca-e-outros-paises/

📍Global-MINDS: Mestrado em psicologia em Portugal com bolsa integral
🗓 Inscrições até 20 de janeiro
https://partiuintercambio.org/bolsas-de-estudo/mestrado-em-psicologia-na-europa-global/

📍EducationUSA oferece mentoria gratuita para conseguir bolsa de mestrado ou doutorado nos EUA
🗓 Inscrições até 25 de janeiro
https://partiuintercambio.org/bolsas-de-estudo/bolsa-pos-graduacao-nos-eua-oportunidades-academicas/

📍Bolsas para mestrado na Finlândia da Universidade de Turku
🗓 Inscrições até 25 de janeiro
https://partiuintercambio.org/bolsas-de-estudo/bolsas-para-mestrado-na-finlandia-da-universidade-de-turku/

📍Universidade Columbia dá bolsas para programa em jornalismo em Nova York
🗓 Inscrições até 31 de janeiro
https://partiuintercambio.org/bolsas-de-estudo/bolsas-jornalistas-nova-york-columbia/

📍Universidade de York dá bolsas para doutorado na Inglaterra
🗓 Inscrições até 31 de janeiro
https://partiuintercambio.org/bolsas-de-estudo/bolsas-para-doutorado-na-inglaterra-york/

Pesquisadora desenvolve tijolo biológico a partir de urina humana – The World’s First Zero-Waste Bio-Brick is Grown from Human Urine

tijolo - urina

(To read in English, please type: https://www.hindustantimes.com/world-news/world-s-first-bio-brick-grown-from-human-urine-in-south-african-university/story-gFYt1RdpRZLzBkfGquibCM.html)

Há alguns anos nos Estados Unidos, pesquisadores estavam buscando maneiras de aplicar substâncias à base de urina sintética na fabricação de materiais de construção. Há milhares e milhares de quilômetros dali, na Universidade da Cidade do Cabo, na África do Sul, a pesquisadora Suzanne Lambert acaba de apresentar uma pesquisa muito parecida, na qual descobriu um processo de desperdício zero para produzir tijolos à base de urina humana.

O processo de fabricação do tijolo é muito parecido com o processo natural de formação das conchas. Durante este processo químico, onde há a precipitação de carbonato microbiano, a areia solta é colonizada por bactérias. Estas bactérias acabam por produzir um certo tipo de enzima, a urease, que pode quebrar a molécula da uréia, um composto criado no fígado o qual combina moléculas de amônia com moléculas de dióxido de carbono, resultando na urina e de quebra o carbonato de cálcio, como subproduto deste processo. Esta reação química endurece a areia e, através do molde criado por Lambert, é possível produzir um tijolo.

Em uma época em que as práticas de construção sustentáveis e ambientalmente corretas são essenciais para a arquitetura, os materiais de construção, como o bio-brick, apresentam novas oportunidades para o futuro, substituindo os tradicionais elementos construtivos por outros mais conscientes e menos agressivos ao meio ambiente. Ao contrário da produção de tijolos comuns, onde é necessário um forno que atinja temperaturas de até 1400 graus Celsius, produzindo uma enorme quantidade de dióxido de carbono, o bio-brick é produzido à temperatura ambiente, podendo ser modulado das mais variadas formas.

O mais interessante deste processo é que ele não gera nenhum tipo de resíduo, ainda que sobrem alguns subprodutos durante a fabricação como o nitrogênio e o potássio. Além disso, 97% do fósforo da urina é convertido em fosfato de cálcio. Mas de qualquer maneira, todos os três subprodutos podem ser reciclados e reaproveitados para a produção de fertilizantes, retornando à natureza.

Via University of Cape Town

Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/905448/pesquisadora-desenvolve-tijolo-biologico-a-partir-de-urina-humana?utm_medium=email&utm_source=ArchDaily%20Brasil&kth=830,995

Modelo da produtividade na pesquisa está esgotado, diz ex-diretora da Capes

Rita barata

Particularmente eu nutro um respeito e consideração pela Profa. Rita Barata. E vou concordar com ela que, na prática, somos um misto entre a necessidade de pensarmos (“Doutores em Filosofia”) e a obrigatoriedade de produzir (“somos regidos por dados, índices, indicadores e publicações).

‘Doutores estão saindo mais como técnicos do que como pensadores’, afirma Rita de Cássia Barradas Barata

Então, compartilho aqui riquíssima matéria da jornalista Camille Cardoso, que é jornalista da área de ciência baseada na cidade de Curitiba (PR), publicada no dia 31/08/2018.

Pesquisadora na área de Saúde Pública desde os anos 1980 – quando lançou o livro “Meningite: uma Doença sob Censura”?, em que questionou se o governo negou informações a brasileiros durante uma epidemia –, a médica Rita de Cássia Barradas Barata, de 66 anos, tem também participado das discussões sobre políticas para a pesquisa no Brasil. Com isso, Rita tem ocupado funções dentro e fora de órgãos de fomento. Atualmente, ela é professora adjunta da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e o seu mais recente cargo na Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) foi o de diretora de avaliação, que ocupou entre agosto de 2016 e abril de 2018.

Com a base de quem já ocupou outros cargos na Capes – como os três anos em que representou o Conselho Técnico Científico da Educação Superior (CTC-ES) no Conselho Superior do órgão –, Rita defende que a avaliação da pós-graduação brasileira possibilitou que a ciência nacional colhesse bons frutos, mas precisa se preparar para uma ruptura. Para a pesquisadora, o modelo que foca na produtividade científica dos programas se esgotou e começa a criar uma distorção que se apresenta difícil de combater: docentes e discentes estão mais preocupados com a quantidade de publicações do que com a qualidade.

“Não é ‘mais’ que interessa, é ‘melhor’”, salienta. Ela reforça que se trata de uma mentalidade dura de alcançar, uma vez que leva os programas de pós-graduação a investir fortemente na qualidade dos trabalhos e no acesso a periódicos de maior relevância.

A professora, porém, sustenta que essa mudança de ponto de vista é necessária, na medida em que a avaliação parece ter chegado a um ponto em que o foco deve voltar a ser a qualidade da formação dos pesquisadores. Na visão de Rita, os doutores precisam voltar a agir como pensadores, em vez de técnicos de qualidade.

Nesta entrevista, concedida quando participou de um seminário voltado a pesquisadores em Curitiba (PR), em março deste ano, Rita levanta esses e outros aspectos da avaliação discutidos com frequência no CTC-ES nos últimos tempos, como a complexidade desafiadora da análise da pós-graduação no Brasil.

*

A avaliação da Capes teve mudanças recentes, ainda que pontuais. Deve continuar mudando, talvez de forma mais drástica?

Para compreender essas mudanças é preciso saber o histórico da avaliação no Brasil, que passou por etapas. Na pré-história da pós-graduação no país, digamos, o curso mais antigo entrou em funcionamento em 1931 e não existia regulação; a Capes é de 1951. Entre esse ano e a década de 1980, pouquíssima coisa aconteceu – alguns cursos foram criados nos anos 1960 e 1970. O impulso da pós-graduação no Brasil ocorreu na segunda metade da década de 1980. Até então, eram poucos os programas e a avaliação era desestruturada. Confiava-se no que os grupos [de pesquisa] pensavam porque todos se conheciam, então a avaliação era mais qualitativa. Por isso podia-se dizer que “esse grupo é melhor do que aquele, está mais bem constituído”. Não havia notas. À medida que a pós-graduação começa a crescer, surge a preocupação da Capes em fazer as primeiras fichas padronizadas. E, nelas, o foco é todinho na estrutura do programa: composição do corpo docente, das bancas. A preocupação era estruturar os programas, montar cursos com qualidade. Nem se falava em produção.

No começo dos anos 90, começou a preocupação com o tempo médio de titulação porque a evasão era enorme, principalmente no mestrado. A regra era que as pessoas se matriculassem, fizessem as disciplinas, mas não entregassem trabalho de conclusão. Eram alunos que procuravam a pós-graduação mais para qualificar a sua formação. Mestrados e doutorados se arrastavam e pouca gente se titulava. Como isso precisava mudar, a Capes colocou uma ênfase enorme nos tempos de titulação.

A próxima etapa da avaliação foi a de ressaltar a produção, porque era comum o pesquisador brasileiro considerar que a pesquisa estava encerrada depois da entrega do trabalho ou do relatório ao financiador. Não havia preocupação em publicar a pesquisa; o aluno fazia a tese, entregou e acabou. Mas o volume de conhecimento do mundo aumentou muito e ninguém mais tem tempo de ler uma tese ou mesmo um livro. Foi nesse cenário que a Capes enfatizou a produção e acabou mudando o caráter da pós-graduação, que era centrada na formação de professores para o ensino superior e passou a se centrar na formação de pesquisadores.

Foi o começo da fase da produtividade?

Foi como dizer “olha, não adianta fazer pesquisa sem publicar o resultado”. A partir dos anos 1990, a pós-graduação brasileira passou a ter uma influência enorme do modelo americano, em que existe foco na constituição de grupos de pesquisa e o curso de pós-graduação é do grupo de pesquisa, mais do que de qualquer coisa. A ênfase que se deu [na avaliação] à produção intelectual dos programas serviu exatamente para levá-los para essa direção. Essa parte da avaliação ficou com peso muito grande. Hoje, nas diferentes áreas, o item 4 da ficha de avaliação, que é a produção do programa, pesa de 30% a 40% da nota. Sendo mais precisa: as áreas têm a liberdade de distribuir os 70% dos itens 3 e 4 igualmente ou dando mais peso para um ou outro, então, a rigor, o item 4 geralmente equivale a 30%, 35% ou 40%, que são pesos grandes para a determinação da nota. Hoje considero que isso está superado, que é preciso mudar de novo. A ideia é voltar-se para a formação de alunos novamente.

O ciclo se fechou então?

Sim. O processo de avaliação permanece igual por 20 anos – foi desenhado em 1998 – teve pequenas mudanças na aplicação e já começa a ter efeitos adversos do próprio processo. Começa-se a induzir nos programas um comportamento que não é o desejado. Existe o Qualis [sistema de classificação de periódicos científicos], mas ainda é preciso dizer que não é quantidade [de publicações], que importa, mas a qualidade. Na época em que o Qualis foi mudado [em 2009] e começaram as travas e as restrições para qualificar os periódicos, o que a Capes fez foi dizer [aos pesquisadores]: “veja, não se preocupe, é difícil publicar artigo em periódicos A1 [a maior nota do Qualis], mas você pode conseguir pontuação publicando muito em outros estratos”.

Naquele momento de mudança isso foi necessário, mas hoje é uma distorção tremenda, porque as pessoas fazem toneladas de artigos que são publicados em revistas de pouco ou nenhum impacto, mas conseguem construir uma pontuação para o programa com isso. Para a Capes, tem sido difícil convencer os programas de que não é para continuar nessa corrida de obstáculos. Mas o pesquisador entra nessa, assim como o coordena dor que quer credenciar o orientador entra nessa. Depois reclamam que a Capes aumenta [os parâmetros de publicação], mas não é a coordenação que faz isso, são os próprios pesquisadores, porque a avaliação é comparativa.

Quando todos publicam o dobro pensando na avaliação seguinte, os pontos de corte dobram. Então é ilógico. Se a roda não for desmontada, ela não vai se desmontar sozinha, vai continuar rodando que nem doida. O sentido original da coisa se perdeu. É preciso voltar a olhar a formação, porque os doutores estão saindo mais como técnicos do que como pensadores. Sem dúvida saem bem preparados para fazer pesquisa na área deles, mas não têm a autonomia que se espera de um doutor.

Como se mede a formação de um aluno?

É um desafio. É necessário olhar o que fazem outros países. Em vários deles essas duas avaliações são separadas, feitas por órgãos diferentes: quem avalia a pesquisa é um grupo, e quem avalia a formação é outro. A Capes avalia o programa, então tem que fazer as duas coisas. Na mais recente avaliação, fizemos um estudo de egressos bem interessante, porque isso é um indicativo indireto da formação. Esse aluno que permanece no campo, como se inseriu, o que está fazendo reflete aquilo para o qual se formou, a trajetória dele como está sendo. Essa é uma das maneiras, a observação do egresso em um período de dez anos, por exemplo.

Outra forma é pedir que o programa indique os melhores alunos para que as teses e os projetos dele sejam avaliados. Outra são as próprias situações de ensino e aprendizagem que aquele programa propicia ao aluno. Levantam-se as competências que se gostaria que o doutor tivesse para que isso possa ser transformado em indicadores e categorias de análise que possibilitem ver se os programas estão ou não fazendo o que se espera. Ou seja, se abre uma perspectiva de competências: o que se deveria propiciar de experiência, situações, conteúdo para que esse aluno de fato tenha as habilidades que um doutor precisa ter.

A ficha da forma como é feita se esgotou, é preciso rever profundamente o significado da avaliação e os instrumentos todos. Não há dúvidas de que o sistema de pós-graduação no Brasil é um ganho e deve ser preservado, mas precisa de ajustes. A avaliação tem que acompanhar as mudanças.

Onde seria possível começar com mudanças?

Os programas precisam ser mais ativos na avaliação. Eles têm que poder dizer o que acham terem feito de melhor, seja em termos de publicação, formação, inserção social. Assim pode-se avaliar os programas pelo melhor deles, sem ter que olhar tudo. [A avaliação] é um negócio monstruoso, ninguém acredita na complexidade do sistema brasileiro, na quantidade de dados, no tamanho do processamento desses dados. Estrangeiros nem conseguem entender o volume de informações que a avaliação levanta no Brasil. Nem têm referencial para nós, porque o Brasil é grande demais, complicado demais, diferente demais; eles dizem “nem sei o que falar para você”. Como o Coleta [portal da Plataforma Sucupira, da Capes, que reúne os dados para a avaliação] precisa atender a diversidade das 49 áreas, ele é exaustivo.

Hoje os programas precisam informar dados que não usam, mas cada área pede coisas diferentes. É preciso esforço para simplificar e convencer os coordenadores que com cinco ou dez indicadores se chega à mesma conclusão de com 50. Muitos indicadores são colineares, medem a mesma coisa. É importante ter uma qualidade melhor dos dados e poder selecionar melhor também.

Fonte: http://www.diretodaciencia.com/2018/08/31/modelo-da-produtividade-na-pesquisa-esta-esgotado-diz-ex-diretora-da-capes/

FotoNa imagem acima, A médica Rita de Cássia Barradas Barata, pesquisadora em medicina preventiva e professora adjunta da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e ex-diretora de avaliação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).  Imagem capturada do vídeo “Seminário – Orientação para a Elaboração de Propostas de Cursos Novos”, do canal da Capes no YouTube.

CNPq e entidades suecas oferecem bolsas de doutorado e pós-doutorado

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Pesquisadores brasileiros já podem se candidatar para concorrer a até sete bolsas de pós-doutorado e até 3 bolsas de doutorado-sanduíche em instituições suecas. A oportunidade é resultado de uma parceria entre o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o Centro de Pesquisa e Inovação Sueco-Brasileiro (CISB) e a empresa sueca Saab AB.

As áreas de pesquisa nas quais serão oferecidas bolsas são: redes de comunicação, sistemas autônomos, engenharia aeronáutica, propulsão, materiais e desempenho humano. As candidaturas devem ser feitas por meio da Plataforma Carlos Chagas, observando as exigências previstas nas normas do CNPq e seguindo o Segundo Cronograma da Chamada CNPq n° 22/2018.

O comprovante eletrônico da candidatura deve ser enviado por e-mail para o endereço conai@cnpq.br. O prazo para participar e enviar propostas é 8 de março de 2019 – as bolsas começam a valer entre setembro de 2019 e fevereiro de 2020.

Os projetos devem necessariamente incluir versões em língua inglesa e portuguesa, além de incluir obrigatoriamente declaração de concordância de representante da Saab AB. Os bolsistas selecionados receberão, além de bolsa e benefícios previstos nas normas do CNPq, um adicional equivalente a 50% do valor da bolsa custeado pelo CISB, mediante termo de concessão específico assinado com a instituição.

Fonte: http://www.brasil.gov.br/editoria/educacao-e-ciencia/2018/07/cnpq-e-entidades-suecas-oferecem-bolsas-de-doutorado-e-pos-doutorado

Governo da Irlanda oferece bolsas para graduação e pós em qualquer área

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O governo da Irlanda está desenvolvendo um Programa que disponibiliza bolsas de estudo para estrangeiros interessados em completar, inclusive a Graduação, além do Mestrado e Doutorado em Universidades do País.

A iniciativa oferece 60 bolsas de 10.000 Euros (algo em torno de R$ 40 mil) para bancar 1 ano de estadia na Irlanda, além de isentar os selecionados do pagamento de taxa de matrícula e mensalidade das faculdades.

Aos interessados que desejam aplicar para a bolsa, o candidato precisa antes ter completado o processo de candidatura e ter sido aceito em uma Universidade irlandesa. Não há limitação quanto a área do conhecimento do curso.

Para se inscrever, basta preencher um formulário preenchido e uma série de documentos a ser enviados por email para GOI-IES2018@hea.ie até o dia 23 de março do corrente ano. As aulas começas entre setembro e outubro desse ano.

Maiores informações podem ser obtidas acessando o site hea.ie

Os piores cursos de Mestrado e Doutorado do Brasil

piores

Caros colegas, pensei em fazer um balanço do ano que se finda mas, na qualidade de professor, achei melhor compartilhar uma matéria muito séria na área de Educação / Capacitação, que trata da qualidade dos nossos mestrados e doutorados sintetizando que, se a nossa educação vai mal, todos os demais segmentos têm a tendencia de acompanhar essa “ladeira abaixo”.

No dia 24 de maio de 2017, publiquei nesse blog a matéria Como é feita a avaliação quadrienal da CAPES (https://blogdoprofessorfred.wordpress.com/2017/05/24/como-e-feita-a-avaliacao-quadrienal-da-capes/) e observem os resultados colhidos.

Seis programas de doutorado da Universidade de São Paulo (USP) receberam recomendação de descredenciamento do Conselho Técnico-Científico da Educação Superior (CTC-ES), de acordo com o resultado final da Avaliação Quadrienal 2017 da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior).

As notas das instituições acadêmicas para programas de pós-graduação Stricto sensu profissional e acadêmico sensu foram divulgadas nesta semana. Os índices variam de 1 a 7.  Notas 1 e 2 são insuficientes e resultam no descredenciamento do curso; nota 3 corresponde a desempenho médio, que apresenta padrões mínimos de qualidade; notas 4 e 5 significam um desempenho entre bom e muito bom. Cinco é a nota máxima para programas que possuem apenas curso de mestrado. Notas 6 e 7 indicam desempenho equivalente a padrões internacionais de excelência.

Os cursos avaliados com nota igual ou superior a “3” são recomendados pela CAPES ao reconhecimento (cursos novos) ou renovação do reconhecimento (cursos em funcionamento) pelo Conselho Nacional de Educação – CNE/MEC. Vale lembrar que só programas reconhecidos pelo CNE/MEC podem expedir diplomas de mestrado e/ou doutorado com validade nacional.

Da USP, os programas de doutorado que tiveram nota insuficiente são:  medicina/clínica cirúrgica (Medicina III), nutrição humana aplicada (Nutrição), história econômica (História), literatura e cultura russa (Letras/Linguística), estudos judaicos e árabes (Letras/Linguística) e estudos da tradução (Letras/Linguística).

Quatro cursos de doutorado da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) também foram mal avaliados e receberam índice insuficiente: economia política internacional (Ciência Política e Relações Internacionais), produtos bioativos e biociências (Farmácia), história das ciências e das técnicas e epistemologia (Interdisciplinar), Letras/letras clássicas (Letras/Linguística).

Também há programas de mestrado e doutorado de outras instituições renomadas como Universidade de Brasília (UNB), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) com recomendação de descredenciamento.

A lista completa está disponível no site da Capes. Confira na tabela os programas stricto sensu, ou seja, de mestrado e doutorado acadêmicos,  que tiveram as notas mais baixas.

A relação de notas está dividida de acordo com a modalidade dos programas – acadêmica ou profissional –, e organizada em planilhas por IES e por Área de Avaliação.

Resultado por IES – Programas Acadêmicos
Resultado por IES – Programas Profissionais
Resultado por Área de Avaliação – Programas Acadêmicos
Resultado por Área de Avaliação – Programas Profissionais

Os relatórios de avaliação, assim como o “Painel Dinâmico de Consulta” com dados gerais da Avaliação, também estão disponíveis no Hotsite.

As fichas de avaliação com os pareceres das áreas e do CTC-ES encontram-se disponíveis na Plataforma Sucupira para o público em geral.

Fonte: https://exame.abril.com.br/carreira/os-piores-cursos-de-mestrado-e-doutorado-do-brasil-usp-na-lista/ e http://www.capes.gov.br/sala-de-imprensa/noticias/8691-capes-divulga-resultado-final-da-avaliacao-quadrienal-2017